Fashion Revolution: uma semana para pensar (devagar) na moda rápida

No Porto e em Lisboa, a revolução da moda acontece no sábado, 27 de Abril. Há mercados de troca de peças de roupa de trocas e actividades para “uma indústria de moda mais justa, segura e transparente”.

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Becca Mchaffie/Unsplash

A Fashion Revolution Week — semana de sensibilização para o verdadeiro custo da roupa —​ começa esta segunda-feira, 22 de Abril, com várias actividades, em mais de cem países, Portugal incluído. Até domingo, decorrem mais de mil iniciativas, em nome de “uma indústria de moda mais justa, segura e transparente”, de acordo com informação disponível no site oficial do movimento Fashion Revolution.

Esta segunda-feira, a Casa do Impacto, em Lisboa, acolhe a iniciativa Fashion Revolution Day organizada pela GoParity, “uma plataforma de investimento em projectos de energia sustentável que promove o alargamento do acesso a oportunidades e da partilha dos benefícios gerados”. Entre as 17h e as 20h, haverá debates, a exibição de um documentário e um mercado de troca de peças de roupa, para “sensibilizar para o problema da indústria da moda”, lê-se na página do evento no Facebook, no qual é lembrado que “mais de 200 mil toneladas de roupas são deitadas fora anualmente em Portugal e o sistema de reciclagem não está preparado para o tratamento de vestuário”.

“A Fashion Revolution enquanto movimento encoraja a criar eventos Fashion Revolution. Qualquer pessoa pode ter autonomia para criar o seu evento”, explicou à Lusa a coordenadora do movimento em Portugal, Salomé Areias. A iniciativa de hoje é da responsabilidade da GoParity, mas encoraja e apoiada pela Fashion Revolution Portugal (FRP), associação sem fins lucrativos, que concentrou as suas iniciativas para sábado, no Porto e em Lisboa.

Encorajar a transparência

Este ano, as actividades organizadas pela FRP concentram-se no sábado, entre as 10h e as 18h, no Gate 67, em Lisboa, e no OPO"Lab, no Porto. “Além das actividades que temos feito nas últimas três edições, (este ano) vamos ter uma nova: uma Transparency Fair”, que surgiu como “uma resposta à procura das marcas em ganhar um lugar para exibirem o seu produto e para exibirem toda a sua produção, todos os seus processos”, revelou Salomé Areias.“O que nós queríamos era também encorajar a transparência. Para além de toda essa informação que as marcas vão trazer, vão abrir as portas, mostrar quem faz a roupa dessas marcas, e nós vamos insistir para que revelem muito mais: todo o modelo de negócio, estrutura de custos”, referiu.

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Associado à Transparency Fair, haverá uma masterclass, “oferecida pela BCSD, o Conselho Empresarial do Desenvolvimento Sustentável, [que] é uma introdução às marcas que queiram aventurar-se neste processo das boas práticas mais éticas e sustentáveis”. Este ano volta ainda a haver “um mercado de trocas que não envolve dinheiro”, exibição de documentários e workshops “para toda a gente que queira reparar peças de roupa” e personalizá-las. A lista de actividades inclui também um Ignite, “uma plataforma de partilha de ideias”. “Vão ser as nossas palestras, com oradores que vêm falar sobre transparência”, referiu a responsável.

A Fashion Revolution Week foi criada pela associação britânica sem fins lucrativos Fashion Revolution, fundada após o colapso do complexo têxtil Rana Plaza, situado em Dacca, no Bangladesh, no qual morreram 1100 trabalhadores, em Abril 2013. O Rana Plaza era um edifício com nove andares que albergava diversas unidades de confecções, onde eram fabricadas peças para várias marcas de moda, como a Benetton, a Primark ou a Mango.

Este ano, estará em destaque na Fashion Revolution Week, a nível global, “como o futuro da indústria da moda deve respeitar as pessoas e o planeta com trabalho justo e decente, protecção ambiental e igualdade de género”. “Da Austrália ao Brasil, do Uruguai ao Vietname, mais de 275 milhões de pessoas deverão participar na Fashion Revolution Week perguntando às marcas #whomademyclothes (#quemfezasminhasroupas, em português)”, refere a organização.

Além disso, a associação Fashion Revolution irá divulgar na quarta-feira, a edição deste ano do Fashion Transparency Index: um ranking dos níveis de transparência de 200 das maiores empresas de moda a nível mundial.

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