Comissão de justiça da Câmara dos Representantes exige acesso ao relatório Mueller completo

Presidente Trump volta a atacar a investigação e diz que documento do procurador-especial tem dados fabricados.

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Donald Trump Carlos Barria/Reuters

O presidente da Comissão de Assuntos Judiciais da Câmara dos Representantes (de maioria democrata), Jerry Nadler, emitiu nesta sexta-feira uma intimação exigindo o acesso à totalidade do relatório Mueller e documentos relacionados até 1 de Maio.

O dia coincide com a data em que o Attorney-gereral (misto de ministro da justiça e procurador-geral), William Barr, vai testemunhar perante a Comissão de Assuntos Judiciais do Senado (de maioria republicana), devendo comparecer no dia seguinte perante a Comissão presidida por Nadler.

Barr divulgou na quinta-feira o relatório final da investigação, mas há páginas censuradas.

Segundo Nadler, é preciso “ter a totalidade do relatório, em bruto, e os documentos que lhes serviram de base para tomar decisões informadas”.

A intimação é o pontapé de partida do que poderá ser uma longa batalha judicial. Se o Departamento de Justiça não responder, os democratas podem acusar as autoridades de desobediência ao Congresso ou levar a batalha até aos tribunais.

No início de Abril, a comissão votou autorizou Nadler a emitir intimações para o relatório final, provas e documentos relacionados com a investigação do procurador especial Robert Mueller sobre as suspeitas de ingerência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.

A porta-voz do Presidente Donald Trump, Sarah Sanders, rejeitou as acusações de que o relatório do procurador Mueller expôs a “cultura de mentira” da Casa Branca, como afirmou Nadler.

Sanders contestou também as acusações de que teria enganado a imprensa quando afirmou que “inúmeros” elementos do FBI perderam a confiança no director da agência federal de investigação norte-americana, James Comey, o que levou à sua demissão.

Sanders tinha dito aos jornalistas, após a demissão de Comey em 2017, que “inúmeros” elementos do FBI tinham acolhido favoravelmente a decisão do Presidente Trump, mas na sexta-feira afirmou à estação televisiva ABC que a expressão foi um “deslize” que aconteceu “no calor do momento”.

De acordo com Robert Mueller, o presidente Donald Trump tentou afastá-lo, desincentivou testemunhas a cooperar com os procuradores e encorajou os assessores a enganar o público.

O relatório detalha os vários esforços que Trump fez para condicionar a investigação sobre a Rússia que temia que enfraquecesse a sua Administração.

Mueller escreve que as tentativas de Trump para controlar a investigação e instruir outras pessoas no sentido de o influenciar “não foram bem-sucedidas, em grande parte porque as pessoas que rodeiam o presidente se recusaram a cumprir as suas ordens ou acatar os pedidos”.

Donald Trump reagiu ao relatório sobre as suspeitas de conluio entre os membros da sua campanha presidencial e a Rússia, em 2016, falando de testemunhos “fabricados”.

“Os depoimentos feitos sobre mim por parte de certas pessoas no Maluco Relatório Mueller, na verdade escrito por 18 Democratas Furiosos que Odeiam Trump, foram fabricados & são totalmente falsos. Atenção às pessoas que tomaram as chamadas ‘notas’, quando essas notas nunca existiram até serem necessárias”, escreveu Trump no Twitter.  

Na quinta-feira, o Presidente norte-americano já se tinha defendido das revelações no relatório que mostra que Mueller ponderou acusar Trump de obstrução à Justiça e que quis demitir Robert Mueller.

“Esta caça às bruxas foi uma fraude total contra o vosso Presidente e o povo Americano! Foi comprada por Polícias Sujos, Hillary Desonesta e o DNC [Comité Nacional Democrata]”.

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