Hotéis de insectos combatem pragas em jardins da Moita

Estruturas construídas por crianças são abrigos temporários para exércitos de abelhões e joaninhas, que vão chegar também aos jardins públicos.

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INsectos amigos das plantas deverão ser os hóspedes deste hotel DR

A nova zona ecológica do Parque Hortícola do Vale da Amoreira, no concelho da Moita, distrito de Setúbal, recebeu recentemente unidades hoteleiras para as mais desejadas populações do momento; insectos que possam combater pragas e ajudar à polinização. Os dois hotéis de insectos, construídos por crianças e monitores do grupo de Actividades de Tempos Livres (ATL) do Centro de Idosos e Reformados do Vale da Amoreira (CRIVA), destinam-se a atrair e acolher temporariamente abelhões, joaninhas, borboletas, crisopas e zangões para que ajudem a preservar o equilíbrio do ecossistema.

O Parque Hortícola do Vale da Amoreira, situado num dos bairros mais problemáticos da região e do país, tem 80 hortas urbanas e foi recentemente beneficiado com uma nova zona de protecção ecológica criada pela Câmara da Moita, num investimento de 122 mil euros com apoio financeiro do programa comunitário Portugal 2020. O terreno contíguo às hortas foi preservado com o objectivo de proteger a linha de água e construir uma galeria ripícola. Esta galeria é uma zona natural de vegetação, com árvores, arbustos e herbáceas que ajudam a estabilizar as margens da ribeira e actuam como filtro biológico para a depuração da água.

A linha de água foi regularizada, com estabilização das margens e protecção contra a erosão, e neste conjunto ecológico foi criado também um percurso interpretativo, para visitas e educação ambiental, especialmente dirigido às crianças de escolas e jardins-de-infância, mas aberto também à população em geral, e que recebeu agora a primeira visita.

Os hotéis de insectos, construídos em estruturas de madeira, imitam a complexidade de pequenos habitats naturais, por isso são feitos com preponderância de materiais recolhidos na natureza, como canas, pinhas ou pequenos ramos. Embora ainda pouco vistos em Portugal, estes abrigos são muito comuns e populares noutros países, designadamente da Europa central e do norte, onde são colocados em jardins, tanto públicos como privados, e usados na agricultura biológica.

A ligação das crianças às hortas urbanas do Vale da Amoreira começou em 2015, com um programa de animação, co-financiado pela Fundação EDP,  com várias actividades de cariz cultural, social e ambiental e que envolveu três organizações locais, incluindo o CRIVA.

Joaninhas em vez de pesticidas

Entre os muitos tipos e espécies de insectos e outros organismos que se podem abrigar nestas estruturas há dois grupos principais; os polinizadores, como as abelhas e abelhões, e os que se alimentam de de outros organismos considerados pragas.

Embora não pareça, neste grupo dos insectos que combatem pragas, tem particular destaque a joaninha. Este insecto é considerado benéfico e auspicioso em muitas culturas por ser um poderoso ajudante ou auxiliar na agricultura, sobretudo nos modos de produção mais sustentáveis sem pesticidas de síntese, como a agricultura biológica. A joaninha é um poderoso predador de pequenos insectos nefastos para as culturas, da família dos afídeos, que “sugam” a seiva das plantas, alimentando-se destes animais tanto no estado adulto como no estado mais jovem, de larva.

Segundo a Câmara da Moita, a colocação dos primeiros dois hotéis na zona ecológica correu “muito bem”. O vereador do Ambiente explica que nos primeiros dias não será muito perceptível a ocupação dos abrigos, uma vez que poderá até demorar alguns meses. Miguel Canudo revela que o município está a preparar a colocação de mais quatros hotéis de insectos em várias zonas verdes do concelho.

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