Autarca de Celorico de Basto quer embargar três barragens do Tâmega

Decisão surge depois de o ministro do Ambiente ter anunciado que a barragem do Fridão já não vai ser construída

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Uma das zonas de Celorico de Basto que seria afectada caso avançasse a construção da barragem do Fridão Inês Fernandes

O presidente da Câmara de Celorico de Basto afirmou esta terça-feira que, perante o cancelamento da barragem de Fridão, “tudo fará” para “embargar” as três barragens a montante e evitar um “drama colossal” no rio Tâmega e no concelho. “Para garantir que em Celorico de Basto haja água no Verão e a mesma não seja retida nas três barragens a montante da de Fridão, e para que não haja descargas e inundações no Inverno, vamos lutar pelo embargo e cancelamento dessas três barragens”, revelou o autarca em declarações à Lusa, referindo-se às empreitadas em curso em Daivões, Gouvens e Alto Tâmega, incluídas no Sistema Electroprodutor do Tâmega, concessionado à Iberdrola.

Notando que “tudo fará” para “defender o rio Tâmega” e “embargar a construção das três barragens”, Joaquim Mota e Silva sustentou ser esta a opção para o “drama colossal” que tem em mãos e evitar, “daqui ou dois ou três anos, um verdadeiro atentado” à região. “A minha intenção é defender o rio Tâmega. Isso passará pelo embargo”, explicou.

O autarca reagia assim ao anúncio do ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, esta terça-feira, de que a barragem do Fridão já não vai ser construída. Notando que “não foi estudado o impacto ambiental da não construção da barragem de Fridão conjugada com a construção de outras três a montante”, o autarca considera estar perante um “drama colossal” e um “problema grave”. “Os estudos de impacto ambiental foram feitos com a realidade da construção de quatro barragens. Num cenário em que a mais a jusante não é construída, temos um problema grave nesta zona do Tâmega”, alertou.

O autarca esclareceu que, com a construção das outras três barragens, a zona do rio Tâmega do concelho de Celorico de Basto ficará, no Verão, com “a água retida” naquelas infra-estruturas e, “no Inverno, cheias grandes”. “Não quero, no Verão, ver um fio de água no rio Tâmega no concelho e, no Inverno, assistir a descargas. A minha consciência não me permite deixar isto passar em claro”, justificou.

Para o autarca, o cancelamento da barragem do Fridão criou “um problema mais complexo” do que aquele que existia.

As barragens a que Joaquim Mota e Silva se refere são as de Daivões, Gouvens e Alto Tâmega, em construção nos concelhos de Ribeira de Pena, Vila Pouca de Aguiar, Boticas e Chaves, no distrito de Vila Real.

O Sistema Electroprodutor do Tâmega é um dos maiores projectos hidroeléctricos realizados na Europa nos últimos 25 anos, prevendo 1500 milhões de euros de investimento e a criação de 13.500 empregos directos e indirectos durante o período de maior volume dos trabalhos (2018-2020).

O ministro do Ambiente anunciou esta terça-feira no parlamento que a barragem de Fridão, no rio Tâmega, não será construída e que acredita não existirem razões para "a restituição de qualquer montante” à EDPuma vez que foi a própria empresa que comunicou ao Governo o seu desinteresse em avançar com o projecto.

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