Grupo búlgaro convoca reunião de neonazis europeus para o final de Abril

Grupos de seis países vão juntar-se em Sofia para trocar ideias e organizar iniciativas futuras. “Já nem tentam esconder-se dos olhares públicos”, disse um militante de um grupo antifascista.

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As organizações judaicas condenam todos os anos a realização da "marcha Lukov" European Jewish Congress

O partido de extrema-direita União Nacional da Bulgária — que anualmente realiza uma marcha nas ruas de Sofia em homenagem a um general pró-nazi e anti-semita — anunciou a realização de um encontro de ultranacionalistas e neonazis da Alemanha, Polónia, França, Hungria e República Checa. A reunião está prevista para a capital búlgara nos dias 20 e 21 de Abril.

“É a primeira vez que eles anunciam publicamente esta reunião. Isto quer dizer que já nem tentam esconder-se dos olhares públicos”, disse um elemento do Antifa, movimento antifascista de Sofia que falou ao site Balkan Insight sob anonimato.

Algumas organizações já confirmaram a presença no encontro que se chama “Juntos por uma Europa de Pátrias": o Die Rechte da Alemanha, Les Nationalistes de França, o polaco Szturmowcy, o húngaro Legio Hungaria e a Narodni a Socialni Fronta da República Checa.

Estes movimentos de ideologia neonazi vão “apresentar as suas ideias e revelar pormenores sobre iniciativas conjuntas futuras”, diz o convite no site do grupo búlgaro. “Cada organização terá um ponto de informações e haverá materiais diversos. Será uma oportunidade para fazer perguntas aos nossos convidados. Quem quiser conhecer a nossa causa comum é bem-vindo”, continua o convite citado pelo Sofia Globe.

Os franceses Les Nationalistes — “partido do trabalho e da família” — confirmou a participação dizendo que estará em Sofia a 20 de Abril para “reuniões com militantes dos movimentos europeus”.

Autoridades “raramente investigam”

O Die Rechte alemão é um parceiro habitual da União Nacional da Bulgária (BNS) e já participou em dez das marchas com que, nas ruas de Sofia, o partido celebra, desde 2003, o general Hristo Lukov, ministro da Guerra durante a II Guerra Mundial. Assassinado por militantes comunistas a 13 de Fevereiro de 1943, Lukov era um aliado da Alemanha nazi e um promotor da perseguição aos judeus. Na marcha, os neonazis búlgaros prestam homenagem “aos heróis caídos da Europa”.

Apesar da polémica que a rodeia — e dos protestos de grupos antifascistas e judeus — a marcha foi sempre tolerada pelas autoridades de Sofia. E apesar de a divulgação da ideologia nazi ser um crime previsto no Código Penal búlgaro, explica o Balkan Insight, as autoridades “raramente investigam os grupos de extrema-direita que a propagam”. 

No ano passado, depois da marcha de Fevereiro que juntou mil pessoas, o ministro búlgaro do Interior, Valentin Radev, disse no Parlamento que não havia no seu ministério “informação registada sobre partidos ou movimentos de inclinação nacional-socialista ou sobre organizações que usam bandeiras ou outros objectos com a imagem de Hitler e suásticas”.

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