Queres votar e não sabes em quem? Este texto é para ti

2019 é uma oportunidade de inverter o ciclo e de ganhar voz na política. Não apenas para ter voz, mas para cada um poder moldar a sociedade às suas ideias de futuro.

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Mario Lopes Pereira

Ao longo das últimas semanas tenho percorrido algumas universidades do país para falar sobre a União Europeia e as eleições para o Parlamento Europeu. Um dos temas recorrentes é a falta de candidatos com um discurso que “fale” com os jovens. “Não me identifico com nenhum dos candidatos, como é que hei-de votar?”. Se pertences a este grupo, tenho algumas sugestões:

1. Com que candidato é que te identificarias?
Começa ao contrário. Procura informar-te sobre a União Europeia, perceber o que ela faz e o que ela poderia fazer. Se te interessas pelo ambiente, descobre que a União Europeia baniu os plásticos, limitou as emissões para veículos, aprovou novos mecanismos para regular os fertilizantes, e tem financiamento disponível para energias limpas. Se estás insatisfeito com os transportes, podes ver se a União tem promovido alternativas do teu agrado. Se a tua paixão é a ciência, há milhares de ideias que a União tem aproveitado — e outros milhares que lhe passam ao lado. E se gostas de viajar e conhecer culturas e património, podes perguntar: será que a União Europeia contribui suficientemente para a sua preservação? Como será que tens ajuda garantida se te sentires mal? E que políticas deveriam ser diferentes quando viajas?

Vá, não acredito que não tenhas um desejo de futuro. Queres uma sociedade com um melhor equilíbrio entre trabalho e lazer? Ter mais direitos sociais? Uma vida menos ocupada com burocracias? Tudo isso pode ser ajudado pelas políticas certas, mas, sem ideias sobre o que pretendes, nunca vai haver um candidato ideal para ti.

2. Será que não há mesmo nenhum candidato do teu agrado?
Eu sei, eu sei que eles não falam para nós. E muitos não falam sequer sobre a União Europeia, mais preocupados em trocar galhardetes sobre um qualquer assunto irrelevante para esta eleição. Mas isso não significa que sejam todos iguais. Nesta fase, já quase todos os partidos apresentaram os seus manifestos e programas, que podes encontrar aqui. Dá uma olhadela, procura as áreas temáticas que mais te agradam, e talvez possas encontrar alguma boa surpresa.

3. Não há mesmo ninguém que te represente. E agora?
Já sabes o que queres para a União e não há ninguém que te represente. Há boas e más notícias. A má notícia é que será mais difícil para ti escolher em quem votar. A boa é que nem tudo se resume ao voto.

A participação numas eleições começa muito antes. Os candidatos têm um programa, mas nada é estático. Podes abordá-los e fazer-lhes perguntas. O Twitter é um excelente meio virtual para o fazer; as acções de campanha e os debates são uma possibilidade no meio físico. Junta-te a amigos que estejam preocupados com as mesmas questões e não deixes que os candidatos se escusem a responder-lhes. A democracia não se resume a uma tarde de domingo a jogar à batalha naval num boletim de voto.

Infelizmente, a preocupação dos candidatos nestas eleições não tem sido a de comunicar ideias, muito menos de forma a convencer os jovens a votar e a votar neles. Não é só culpa deles — é também minha, tua, de todos nós. Nas últimas eleições menos de um em cada cinco jovens portugueses dos 18 aos 24 anos foram votar. Se não votamos, quem é que está interessado em ter o nosso (não) voto? Quem é que se vai preocupar com o que nós queremos?

2019 é uma oportunidade de inverter o ciclo e de ganhar voz na política. Não apenas para ter voz, mas para cada um poder moldar a sociedade às suas ideias de futuro. Aqui ficam três conselhos simples que podes escolher seguir. Se quiseres ir acompanhando as europeias de uma forma mais light, podes ir passando pela minha conta no Twitter ou no Instagram. Vemo-nos nas urnas no dia 26 de Maio?

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