Da mente de engenheiros, das mãos de um artista: eis o Biptoon

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Todos os meses, um grupo de engenheiros reúne no INESC TEC – Instituto de Engenharia de Sistemas e Computadores, Tecnologia e Ciência para planear a próxima edição do boletim online. O Biptoon, tira mensal que retrata engenheiros e investigadores em situações cómicas e de cariz crítico-social, é um tema que nunca escapa à reunião. Após o guião do cartoon ser concluído, este é enviado para David Gil Conceição, que pega nos lápis, nas canetas e nas aguarelas para dar cor e imagem às histórias que lhe são entregues.

O artista de 27 anos tirou o mestrado em Design da Imagem na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto; foi chamado a contribuir para o Biptoon em 2016 e desde então é responsável pelos desenhos. “A banda desenhada parece que é um processo linear da maneira que é apresentada ao público, mas a verdade é que nos bastidores há todo este trabalho de andar para a frente e para trás."

O artista portuense aposta num estilo colorido e num traço “muito jocoso e muito leve” para ilustrar um olhar crítico dos engenheiros sobre si próprios. “A minha preocupação sempre foi respeitar a necessidade daquilo ser comédia, mas também incluir um fundo de verdade, criar um certo elemento de familiaridade e empatia com os engenheiros. (…) É um bocado um olhar sarcástico, mas não cínico. As pessoas riem-se, mas nunca é um riso cruel.”

Apesar de ser um webcomic, o processo é quase todo feito à mão. Os desenhos a lápis são pintados e coloridos a aguarela para depois serem digitalizados. David vai buscar influências à escola franco-belga de banda desenhada, à tradição independente dos Estados Unidos da América e, ainda, à própria tradição portuguesa, com destaque para o legado de Rafael Bordalo Pinheiro.

O artista destaca uma das histórias que mais lhe deu gozo fazer, a qual contou com uma caricatura de Donald Trump. “A história acabou por ser das mais populares e foi para o Instagram do INESC, como exemplo do que o Biptoon pode ser como crítica social e como comentário social e político, para além da sua função primária de comédia.”