A Fórmula 1 chega às 1000 corridas: (re)veja sete das mais marcantes

O PÚBLICO decidiu assinalar a marca redonda ao recordar algumas das corridas mais emocionantes, marcantes (e trágicas) na história deste desporto motorizado.

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Grande Prémio da China será prova número 1000 na história da Fórmula 1 Reuters/REUTERS/YVES HERMAN

O Grande Prémio de Xangai, China, deste domingo, será a 1000.ª prova na história da Fórmula 1. Muito sangue, suor e lágrimas foram vertidos nas pistas que compõem o desporto motorizado que cola milhões de espectadores às televisões, independentemente do fuso horário. O PÚBLICO invoca um sentimento nostálgico e traz-lhe sete corridas que fizeram o coração bater a mais de 300 quilómetros por hora, à boa maneira da Fórmula 1.

Silverstone, 1950: o humilde início...

O primeiro Grande Prémio da Fórmula 1 teve lugar a 13 de Maio de 1950, no circuito de Silverstone, em Inglaterra. A prova teve o total domínio da Alfa Romeo, que regressou esta temporada à competição, com o italiano Giuseppe “Nino” Farina no topo da pole position e da corrida. Os colegas de equipa Luigi Fagioli (mais 2,6 segundos), o argentino Juan Manuel Fangio e o britânico Reg Parnell completaram o top quatro, todos eles ao volante de um monolugar 158 da Alfa Romeo.

Em mais de 325 quilómetros realizados em 70 voltas à pista, foi o italiano Farina a completar a volta mais rápida e, meses depois, a conquistar o primeiro título mundial de F1. O mapa da competição passou praticamente pelo continente europeu (Inglaterra, Suíça, Mónaco, Bélgica, França e Itália), excepto na prova de Indianápolis, nos Estados Unidos, o que lhe dava o estatuto de prova mundial. Cerca de 100 mil pessoas assistiram a esta corrida em Silverstone, que contou com a primeira e única presença da família real britânica neste tipo de eventos. Poderosas fabricantes como a Ferrari só surgiram no Grande Prémio seguinte, a 21 de Maio de 1950, no Mónaco, e com Alberto Ascari ao volante conquistou o segundo lugar. Apenas nas temporadas de 1950 e 1951 é que a Alfa Romeo conquistou títulos mundiais de F1.

Ímola, 1994: as fatalidades que impulsionaram a segurança

Se falarmos em Ímola 1994, o acontecimento que nos vem imediatamente à memória é o acidente fatal que levou a vida de Ayrton Senna, piloto brasileiro da Williams, então com 34 anos. O fim-de-semana no circuito bolonhês já tinha ceifado a vida a Roland Ratzenberger, piloto austríaco da Simtek, um dia antes de Senna. Na sexta-feira, foi Rubens Barrichello a sofrer um grave acidente, mas os ferimentos do brasileiro acabaram por ser ligeiros.

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Todos os anos, piloto brasileiro é relembrado pelos colegas de profissão REUTERS/MAX ROSSI

As mortes daquele fim-de-semana tiveram um grande impacto na visão da Fórmula 1 sobre a segurança. O cockpit passou a proteger mais os pilotos, as paredes laterais cresceram, passando a proteger ombros e cabeça, e os testes de resistência (crash tests) foram aprimorados. A Fórmula 1 perdeu um dos melhores de sempre, naquele dia. Mas talvez tenha conseguido salvar a vida de muitos outros pilotos.

EUA, 2005: uma corrida, seis carros e pódio português

Quem pagou bilhete para assistir ao Grande Prémio dos Estados Unidos em 2005, teve uma grande desilusão: após falhas na segurança dos pneus Michelin numa das curvas de alta velocidade, apenas as equipas com pneus da Bridgestone foram autorizadas a competir. Ferrari, Jordan-Toyota e Minardi-Cosworth foram os três resistentes que se aventuraram no circuito de Indianápolis.

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Tiago Monteiro conseguiu um pódio inédito nos Estados Unidos BRENT SMITH / REUTERS

Michael Schumacher foi o vencedor. Rubens Barrichello o segundo classificado. E Tiago Monteiro, piloto da Jordan-Toyota, assegurou o primeiro pódio português na Fórmula 1. “É uma espécie de sentimento contraditório. Consegui distanciar-me do meu colega de equipa. Não sabia o que pensar, mas estou feliz por mim e pela minha equipa. Apesar de ser uma situação caricata, continua a ser um pódio. Ninguém me pode tirar este feito”, diria o piloto português após a corrida.

Brasil, 2006: o adeus de Schumacher à Ferrari

Para o dia 22 de Outubro de 2006, no Autódromo de Interlagos, em São Paulo, estava marcada a última corrida de Michael Schumacher na Ferrari e também na Fórmula 1. Uma corrida que podia ter sido brindada com uma vitória e a conquista do título, caso Fernando Alonso não ficasse num dos oito primeiros lugares da prova.

Foi Felipe Massa (Ferrari) a vencer o Grande Prémio - há 13 anos que um brasileiro não vencia uma corrida no seu país. O português Tiago Monteiro também esteve em prova e terminou a corrida no 15.º lugar, ao volante de um Toyota.

Schumacher tinha anunciado a saída da Ferrari e da Fórmula 1, mas regressou à competição em Dezembro de 2009 pela Mercedes. Para a história, em 308 Grandes Prémios com a participação do alemão, ficaram sete títulos, 91 vitórias, 155 pódios e 68 pole positions. Aos 50 anos de idade, o seu estado de saúde permanece um mistério, após o acidente sofrido em 2013.

Canadá, 2007: Lewis Hamilton apresenta-se às vitórias

Correu tudo na perfeição para Lewis Hamilton naquela semana no circuito Gilles Villeneuve, no Québec. A primeira pole position (já lá vão 84) e a primeira corrida vencida. O piloto britânico cumpriu a primeira época na Fórmula 1 em 2007 ao serviço da McLaren, surpreendendo a concorrência e até o colega de equipa da altura, Fernando Alonso.

Só nessa temporada, Hamilton conquistou nove poles consecutivas, algo inédito para um novato na competição. O título chegou naturalmente na época seguinte - e já são cinco actualmente. 

Brasil, 2008: última curva, última volta, última corrida

A decisão de um dos títulos mundiais mais emocionantes de sempre teve lugar no circuito de Interlagos. As contas eram simples de fazer: Lewis Hamilton precisava apenas de garantir o quinto lugar para se sagrar campeão mundial. Felipe Massa, a correr “em casa”, estava obrigado a vencer o Grande Prémio do Brasil e tinha ainda de rezar para que o britânico ficasse pelo menos em sexto lugar.

Numa corrida marcada por várias alterações meteorológicas — que, por sua vez, levaram a múltiplas trocas de pneus nas boxes —, Hamilton entrou na sexta posição para a derradeira volta da corrida. Massa dominou e venceu. O brasileiro foi campeão mundial durante 30 segundos, até o rival ultrapassar Timo Glock, na última curva do circuito. Hamilton subiu ao quinto lugar e assegurou os pontos que lhe permitiram celebrar o primeiro título no seu palmarés.

Monza, 2008: David derrotou Golias na chuva

Numa altura em que o campeonato era monopolizado pela Ferrari e pela McLaren — representadas por Felipe Massa e Lewis Hamilton —, o jovem Sebastian Vettel lutava por se afirmar na Toro Rosso (uma espécie de “equipa B” da Red Bull).

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Sebastian Vettel liderou da primeira à última volta ALESSANDRO GAROFALO / REUTERS

Em Monza, Itália, a chuva não dava tréguas. Vettel, conhecido por se dar bem nestas condições, surpreendeu tudo e todos na qualificação, conquistando uma inédita pole position para a Toro Rosso. O alemão admite que, antes de começar a corrida, pensava ser uma questão de tempo até que os carros mais rápidos o alcançassem.

Aparentemente, Vettel surpreendeu-se a si próprio, dominando a corrida da primeira à última volta. O “conto de fadas”, como ficou apelidado, catapultou o alemão para uma carreira de sucesso na Red Bull, pela qual conquistou quatro títulos consecutivos (2010, 2011, 2012 e 2013).

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