Farmácias de Cascais realizaram 650 testes rápidos de VIH/Sida e hepatites em seis meses

A realização de testes rápidos de rastreio do VIH/Sida arrancou em Cascais como projecto-piloto e com o anúncio de que iria ser alargada a outras zonas do país.

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Foram feitos 650 testes rápidos de rastreio do VIH/Sida e dos vírus da hepatite Rodrigo Garrido

Vinte e uma farmácias de Cascais realizaram cerca de 650 testes rápidos de rastreio do VIH/Sida e dos vírus da hepatite, desde que foi autorizado há seis meses a sua realização nestes espaços, segundo dados divulgados à Lusa.

A realização destes testes rápidos nas farmácias comunitárias e laboratórios de análises clínicas foi autorizada a 12 de Março de 2018 por despacho do então secretário de Estado Adjunto e da Saúde Fernando Araújo, tendo a medida arrancado em Outubro com um projecto-piloto em Cascais e com o anúncio de que iria ser alargada a outras zonas do país.

Dados avançados à Lusa pela coordenadora da Ser+ — Associação Portuguesa para a Prevenção e Desafio à Sida revelam que, desde Outubro de 2018 até 1 de Abril, foram realizados 349 testes rápidos para o VIH/sida e 290 teste rápidos para a Hepatite C.

Os testes rápidos de rastreio à Hepatite B apenas começaram a 8 de Março, tendo sido realizado doze até 1 de Abril, disse Andreia Pinto, explicando que estes testes foram realizados de forma gratuita e confidencial.

Até ao final do 2018, quando tinham sido realizados 188 testes para o VIH e 153 e para a Hepatite C, um teste deu reactivo para o VIH/sida e dois para a Hepatite C, adiantam os dados fornecidos pela Associação Nacional das Farmácias.

Andreia Pinto explicou que o diagnóstico não se faz sem a ligação aos cuidados de saúde e que, no caso das farmácias, os farmacêuticos perante um teste reactivo devem referenciar o utente, com a sua aprovação, utilizando a Linha de Saúde 24.

“Fazer um diagnóstico só pelo simples acto de diagnosticar”, sem fazer a ligação imediata no caso de um teste reactivo aos cuidados hospitalares, “seria criminoso”, frisou.

Para a coordenadora da Ser+, a adesão crescente a esta iniciativa mostra que “as pessoas começam a estar despertas para quererem conhecer melhor a sua saúde”.

Esta posição é partilhada por Raquel Lourenço, da Farmácia Cascais, que aderiu ao projecto desde o início e que tem neste momento três farmacêuticas a realizar os testes.

“Quando aderimos [ao projecto], pensámos que não íamos ter grande procura, mas as pessoas estão a procurar imenso”, disse Raquel Lourenço, comentando que o teste é feito “tanto por homens como mulheres”, como por “pessoas com 18 anos ou pessoas com 86 anos”.

Para a farmacêutica, a procura pode dever-se ao teste poder ser feito de imediato e ter “o resultado na hora”, enquanto se for ao médico, tem que pedir a prescrição, realizar a análise num laboratório e esperar pelo resultado.

“Todos estes passos podem fazer com que a pessoa desista à partida”, afirmou Raquel Lourenço, que teve de receber formação para realizar os testes, promovida pela Ordem dos Farmacêutico, no âmbito da iniciativa da ONU “Fast-track cities - Cidades na Via Rápida para eliminar o VIH”, que tem como objectivo transformar, até 2030, Portugal num país livre da epidemia de VIH/sida. 

Segundo Andreia Pinto, o projecto só está ainda a ser implementado em Cascais, mas mais nove municípios aderiram à iniciativa da ONU, entre as quais Lisboa e Porto. Cada cidade a nível mundial define as estratégias que consideram ser as mais adequadas para alcançar as metas preconizadas: “Diagnosticar, tratar e alcançar o sucesso terapêutico na área do VIH"”, explicou.

No seu entender, a acção estratégica desenvolvida em Cascais devia ser replicada noutros municípios e “se for de uma forma gratuita melhor ainda”, vincou. Contactado pela Lusa, o Ministério da Saúde adiantou que o processo de adesão das farmácias é “absolutamente voluntário”.

"Sempre que pretenderem prestar esse serviço têm que comunicar ao Infarmed, no pressuposto de terem formação para o efeito e de cumprirem uma série de requisitos. Podem, depois, ser sujeitas a inspecção”, afirmou o Ministério numa resposta escrita à Lusa.

Apesar de cerca de quatro dezenas de farmácias terem comunicado que pretendiam fazê-lo, há farmácias que, por falta de alguma das condições, não se encontram a prestar esse serviço neste momento, segundo a autoridade nacional do medicamento.

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