Nigéria
Será esta a “capital mundial dos gémeos”?
Quem percorre os caminhos de Igbo Ora, na Nigéria, pode, por momentos, julgar sofrer de visão dupla. Mas não. A explicação é ainda menos plausível. Nesta pequena povoação nascem 50 pares de gémeos em cada mil nascimentos — taxa que é considerada uma das mais altas do mundo. Não é de estranhar, por isso, que à entrada da aldeia exista uma placa que dá as boas-vindas "à capital mundial dos gémeos". São tão comuns que até já há uma tradição quanto à escolha dos nomes: o primeiro chama-se invariavelmente Twaio, o segundo Kehinde. E a Reuters foi conhecer alguns deles.
Mas o que está na origem deste fenómeno? A população acredita que a abundante utilização de quiabo na gastronomia local, nomeadamente na confecção da típica caldeirada da aldeia, é uma das explicações mais prováveis. Há também quem atribua a responsabilidade ao Amala, um prato de inhame e mandioca popular na região. A ciência, no entanto, desconfia destas teorias. Ouvido pela agência noticiosa, o obstetra e ginecologista Ekujumi Olarenwaju, que reside a cerca de 150 quilómetros de Igbo Ora, sublinha que o inhame é consumido noutras partes do mundo sem que nada de semelhante aconteça. “Uma das explicações mais plausíveis será a da hereditariedade”, analisa o médico. “Os casamentos decorrem, geralmente, entre membros da mesma comunidade; assim sendo, é possível que os genes que imprimem essas características sejam dominantes.”
Nada que convença as comerciantes do mercado local. À Reuters, Oyenike Bamimore, que vende pão, disse ser a prova viva que a explicação está mesmo na dieta: “Eu como muitos quiabos e já dei à luz oito pares de gémeos.”