BE distancia-se do PS na campanha para as europeias

Jorge Costa é o director de campanha do BE nas eleições europeias.

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Jorge Costa Público/Daniel Rocha

A estratégia do Bloco de Esquerda para as eleições europeias que se avizinham já está a ser delineada. Com o bloquista Jorge Costa na direcção da campanha, o caminho a seguir assentará em alguns eixos: terá um código de conduta para as redes sociais; privilegiará o contacto próximo com as pessoas; sublinhará o papel do partido na chamada “geringonça” e nas conquistas sociais que daí advieram; e deixará clara a diferença de posições entre o PS e o BE no que toca a temas europeus.

“Temos posições claras sobre as questões europeias e sobre os efeitos perversos que os tratados têm tido no país. Os outros partidos também têm tido posições claríssimas. O debate europeu vai fazer-se, nesta campanha, entre o BE e as forças que protagonizaram o alinhamento acrítico em relação às instituições europeias e que trouxeram dificuldades ao país. Isto aplica-se ao PSD e ao PS”, explica Jorge Costa, que é o director de campanha do BE nas eleições europeias e um dos deputados do núcleo duro do partido que foi marcando presença nas negociações com o Governo, nesta legislatura. 

Isso não significa que o BE deixe de mostrar o que considera terem sido as conquistas desta solução de Governo. Mas, mais do que isso, quer mostrar aos portugueses o papel que o partido teve na chamada “geringonça”. Quer mostrar como as posições “fortes” que os bloquistas assumiram, em questões, por exemplo, como o salário mínimo, tiveram frutos, mas foram feitas “contra a pressão das instituições europeias sobre o Governo”.

“A presença do BE num acordo de maioria permitiu que, face a essas pressões fortíssimas, o BE tivesse garantido que o Governo português actuava autonomamente e no sentido correcto. Nem sempre foi possível”, diz Jorge Costa, referindo-se, por exemplo, a algumas soluções encontradas para problemas da banca.

Para chegar às pessoas, o BE privilegiará o contacto próximo com os eleitores, voltando às ruas, como em campanhas anteriores, mas usando também as redes sociais.

“O BE vai tentar ter uma campanha que recolha a melhor experiência de anos anteriores, no contacto estreito com pessoas, dos sectores populares. Os últimos anos foram ricos nesse contacto com vários sectores profissionais. Queremos ouvir as pessoas, os problemas delas, saber o que viram de positivo da actuação do BE e dos acordos, a par do debate sobre a Europa e sobre o país, num quadro de uma Europa em turbulência e em crise”, explica Jorge Costa, sublinhando que o slogan “lado a lado”, que já está espalhado em outdoors, resume bem o espírito da campanha.

Quanto às redes sociais, o BE decidiu criar um código de conduta e gostava que os outros partidos fizessem o mesmo, que também explicassem “à sociedade quais as regras que vão usar”, que houvesse um “compromisso formal de recusa de campanha suja, dizendo os termos em que as redes sociais serão usadas”, afirma o bloquista.

“Cada vez mais, as redes sociais são um instrumento crítico das campanhas e de toda a comunicação política. Numa campanha, isso ainda é mais intenso”, nota o deputado. E acrescenta: “O que constatámos, nos últimos anos, é que o populismo de extrema-direita teve uma expressão muito particular nas redes sociais, não só noutros países, em Portugal também já existem sinais fortes. Achámos que devia haver da parte do BE um posicionamento sobre isto para se privilegiar um debate democrático, informado, que rejeite a manipulação, a mentiras, as notícias falsas.

O que diz o código de conduta?

O código de conduta do BE servirá para as próximas campanhas, vinculando os dirigentes e representantes eleitos do partido, todas as organizações territoriais e sectoriais do BE e sendo válido para publicações abertas ou fechadas (grupos).

As redes sociais em que o BE marcará presença são o Facebook, Twitter, Instagram, Flickr, Youtube e WhatsApp. “O Bloco de Esquerda produz directamente todo o conteúdo da sua comunicação em redes sociais, dispondo para isso de uma equipa profissional e não recorrendo a agências externas”, lê-se no código, no qual se acrescenta que o partido só utilizará os “perfis institucionais” e que “os membros da equipa profissional do Bloco apenas intervêm politicamente nas redes sociais sob o seu nome próprio e de forma identificada”.

Outros princípios estabelecidos passam por não comprar seguidores em redes sociais e por não atribuir identidades falsas nas imagens e fotografias que usar em campanha.

“Na promoção paga das suas publicações, o Bloco de Esquerda respeita os termos da lei, das deliberações das entidades competentes e realiza o registo em contas. Essa promoção será sempre paga directamente às redes sociais, sem recurso a entidades intermediárias”, escrevem os bloquistas.

O BE garante ainda que “na moderação dos espaços de comentário e diálogo, o discurso de ódio e a violência verbal não serão admitidos e a intervenção dos seus autores será bloqueada”; que não fará “intervenção hostil em espaços de adversários políticos nas redes sociais”; e que “tomará todas as iniciativas legais ao seu alcance para identificar publicamente a origem de calúnias, mentiras e informação falsa, procedendo criminalmente contra os seus autores e promotores”.

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