Mísia em fados de luz e de carne viva

Catarse de um período de dor e renascimento, o mais recente disco de Mísia é a banda sonora de dois anos duros aos quais ela resistiu com os pés assentes no chão e na música. O resultado, cruzando fado e tango, sons dos céus e do inferno, é avassalador. Hoje chega às lojas e em Junho há concerto no São Luiz.

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CB aragão

Fixem esta frase: “Venha o Fado em meu auxílio, ou nunca mais cantarei”. Havemos de ouvi-la, numa interpretação de tirar o fôlego, a meio do novo disco de Mísia. Mas até lá chegar há um caminho de pedras e espinhos, de respirações e feridas, de sussurros numa voz dilacerada que se estende até ao grito, não para ferir mas para renascer das feridas. Há fados, muitos (o Menor, o Estoril, o Pagem, o Vianinha, o Mayer, o Súplica, o Alfacinha), e guitarra portuguesa, mas também há guitarras eléctricas, piano, clarinete baixo, violino, bandoneon, acordeão, e há um som que surpreende a cada passo, como se assistíssemos a um filme, cena a cena, a querer adivinhar o final. Por isso Mísia lhe chamou, em subtítulo, banda sonora. Porque, sendo o primeiro disco de estúdio depois de Para Amália (2015) e da colectânea Do Primeiro Fado ao Último Tango (que em 2017 resumiu em 40 canções e num CD duplo os seus então 25 anos de carreira), retrata o período que se seguiu, dois duros anos em que ela teve de passar por uma prova de resistência física que superou.

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