Facebook põe fim a notificações sobre amigos que morreram

A rede social explica que será também criada uma nova secção de “tributo” nos perfis de homenagem e serão implementadas mais ferramentas para que as pessoas que gerem estas páginas póstumas possam ter um maior controlo.

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Dado Ruvic/Reuters

Se alguma vez recebeu uma notificação do Facebook para desejar um feliz aniversário a um amigo que já morreu, não será caso único. A falha é recorrente e deve-se ao facto de estas sugestões serem enviadas através de algoritmos que não têm em conta se um amigo já não está entre nós, acabando frequentemente por incomodar os utilizadores. Porém, o Facebook anunciou nesta quarta-feira que irá recorrer à inteligência artificial para tentar travar estas notificações.

“As pessoas recorrem ao Facebook para encontrar uma comunidade [de apoio] durante os altos e baixos da vida. Sabemos que a perda de um amigo ou familiar pode ser devastadora – e queremos que o Facebook seja um lugar onde as pessoas se podem apoiar umas às outras ao mesmo tempo que honram a memória dos seus entes queridos”, começa por escrever Sheryl Sandberg, directora de operações do Facebook, num artigo publicado esta terça-feira no blogue oficial da empresa.

A medida faz parte de um conjunto de soluções anunciadas pelo Facebook para gerir melhor a questão da morte de utilizadores e “minimizar as experiências que possam ser dolorosas” para os seus entes queridos. Além de se comprometer a aperfeiçoar os serviços de inteligência artificial para impedir que o perfil de um amigo morto apareça em notificações do Facebook, a rede social explica que será criada uma nova secção de “tributo” nas contas de homenagem e que vão ser implementadas mais ferramentas para que os gestores destas páginas possam ter um maior controlo.

Apesar de ser possível converter o perfil de um usuário que morreu numa página de homenagem (que é gerida de forma diferente), a rede social explica que este “pode parecer um grande passo que nem toda a gente está imediatamente pronta para tomar”. “É por isso que é tão importante que os entes próximos da pessoa que morreu possam decidir quando tomar esse passo”, acrescenta Sheryl Sandberg​.

Caso a conta ainda não tenha sido transformada num memorial, “utilizaremos a inteligência artificial para evitar que esse perfil apareça em ocasiões que possam causar desconforto, como recomendar que a pessoa seja convidada para eventos ou que seja enviada uma notificação de aniversário para os seus amigos”, explicou Sheryl Sandberg, acrescentando que a rede social está a reunir esforços para “se tornar melhor e mais rápida” neste aspecto. 

A directora de operações anunciou ainda que a rede social terá uma secção de “tributo”, na qual fará a distinção entre as publicações feitas depois de um usuário morrer daquelas feitas anteriormente.

Desde 2015, o Facebook permite aos usuários escolher um contacto (membro da família ou amigo) que ficará encarregue de gerir a sua página em caso de morte. Agora, o controlo que estas pessoas terão sobre as páginas de homenagem será maior, podendo gerir as imagens, vídeos e publicações que são mantidas online, assim como as memórias que são partilhadas.

As regras relativas a jovens com menos de 18 anos foram também recentemente alteradas, segundo Sandberg, de forma a que os pais cujos filhos menores morrem se possam tornar administradores destes perfis.

“Crueldade Algorítmica Inadvertida”

Um dos casos recentes que causou polémica foi o de Eric Meyer, um web designer cuja filha, Rebecca, morreu em 2014. Pouco tempo depois da morte, o Facebook construiu um vídeo com alguns momentos do ano que tinha passado onde mostrava uma fotografia de Rebecca. Apesar de não negar que aquele foi um ano que efectivamente ficou marcado pela morte da filha, Eric Meyer, numa publicação intitulada “Crueldade Algorítmica Inadvertida”, citado pelo Guardian, desabafa: “Ainda assim foi indelicado lembrar-me de forma tão vigorosa”.

O Facebook terá também perdido, de acordo com o mesmo jornal britânico, uma batalha judicial, que durava há três anos, depois de a mãe de uma menina de 15 anos, morta por um comboio na estação de Berlim em 2012, ter pedido para aceder às mensagens privadas da filha de forma a perceber se a jovem sofria de bullying. Após três anos, os tribunais alemães decretaram que os perfis das redes sociais podem ser “herdados” da mesma forma que os diários ou cartas privadas, dando permissão à mãe para aceder à página da jovem.

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