CDS critica “contradições insanáveis e dúvidas perturbantes” sobre SIRESP

CDS quer que Eduardo Cabrita vá ao Parlamento esclarecer as dúvidas sobre falhas da rede SIRESP.

Foto
LUSA/Tiago Petinga

O CDS-PP quer ver aprovada “por unanimidade” a audição “urgente” do ministro da Administração Interna ao Parlamento, para que esclareça as “contradições insanáveis, dúvidas perturbantes e incertezas” relativamente às falhas da rede SIRESP, revelou esta terça-feira o líder parlamentar centrista.

“Aquilo que nós esperamos [...] é que, por uma questão de interesse nacional, amanhã [quarta-feira], na reunião da primeira comissão, possa ser aprovada por unanimidade a ida urgente do senhor ministro ao Parlamento para esclarecer o que são, a nosso ver, contradições insanáveis no discurso, dúvidas perturbantes em relação à operacionalidade do sistema [e] incertezas muito preocupantes em relação àquilo que é a protecção civil dos portugueses”, afirmou à Lusa Nuno Magalhães.

Na segunda-feira, o CDS-PP apresentou um requerimento ao presidente da comissão parlamentar de Assuntos Constitucionais, Direitos, Liberdades e Garantias, o deputado Pedro Bacelar de Vasconcelos (PS), considerando que o governante “tem de prestar contas ao Parlamento”, relativamente à rede SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal).

Citando a edição de sábado do PÚBLICO, os centristas indicam, no requerimento, que existem “factos que contrariam as afirmações” de Eduardo Cabrita no Parlamento, “onde garantiu que a rede SIRESP teria falhado nove mil horas no decurso dos incêndios de Pedrógão Grande, em 2017, o que obrigava o Estado a aplicar uma penalidade contratual, por incumprimento, ao consórcio” que gere esta rede, o que, contudo não aconteceu.

Em resposta, ainda na segunda-feira, Eduardo Cabrita disse estar disponível para prestar esclarecimentos no Parlamento e, esta terça-feira, em conferência de imprensa, reafirmou os dados que tinha avançado na Assembleia da República sobre as falhas no sistema SIRESP em 2017, confirmando que as mesmas totalizaram cerca de nove mil horas.

“Esta conferência de imprensa do senhor ministro da Administração Interna trouxe ainda maior preocupação, perplexidade, confusão, e, até diria, mais receio em relação àquilo que é a expectativa dos portugueses em relação à capacidade operativa do SIRESP no nosso país”, destacou Nuno Magalhães.

Para o centrista, a declaração de Eduardo Cabrita “reforça a razão pela qual o CDS quer que o senhor ministro da Administração Interna vá urgentemente ao Parlamento esclarecer realmente o que se está a passar, porquanto demonstra contradições insanáveis, dúvidas perturbantes e, acima de tudo, até incertezas relativamente às reiteradas falhas do SIRESP”.

O CDS-PP considera ser uma “contradição insanável” quando “o senhor ministro, afinal, diz que há um relatório que dizia há 24 horas que não havia” e revela existirem “dúvidas em relação à disponibilidade/operacionalidade do próprio sistema”, bem como “incertezas” sobre a capacidade do sistema de protecção civil “no seu todo”, acrescentou.

“O senhor ministro, nesta conferência de imprensa, de resto muito nervosa, parece confirmar aquilo em que o CDS não quer acreditar. O senhor ministro trocou a lealdade com a sua maioria, nomeadamente com o BE e o PCP em relação à nacionalização do SIRESP, em detrimento do interesse nacional”, criticou Nuno Magalhães.

Em conferência de imprensa esta terça-feira no Ministério da Administração Interna, em Lisboa, Eduardo Cabrita esclareceu os dados que tinha avançado em 4 de Abril de 2018 na Assembleia da República e que foram contrariados em notícias recentes do PÚBLICO.

O governante garantiu que “não oculta” informações referentes aos incêndios de 2017, que provocaram quase sete dezenas de mortos, e reafirmou a disponibilidade de ir ao Parlamento dar explicações sobre esses dados, como foi na segunda-feira solicitado pelo CDS-PP.

Entretanto, o ministro anunciou que o relatório com os dados referentes aos incêndios de 2017 foi publicado esta tarde no portal do Governo, estando disponível ao público.

Na conferência de imprensa desta terça-feira, o ministro, ao contrariar as notícias do PÚBLICO, falou numa alegada “confusão entre disponibilidade global ou disponibilidade operacional”, para justificar a discrepância de horas que mencionou no Parlamento e as avançadas pelo PÚBLICO, que são cerca de dois terços menos.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários