SIRESP: Um ministro nada surpreendido, mas com muitos silêncios

Responsável pala Administração Interna recusou responder a algumas das questões mais polémicas sobre a rede SIRESP.

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Eduardo Cabrita LUSA/Tiago Petinga

Eduardo Cabrita, ministro das Administração Interna, deu nesta terça-feira uma conferência de imprensa para esclarecer as polémicas sobre rede de emergência nacional, SIRESP, nos incêndios de 2017, mas pouco ou nada esclareceu.

O ministro aproveitou para se mostrar surpreendido por, na segunda-feira, ter tido três iniciativas e só lhe fazerem perguntas sobre o SIRESP. Voltou a fazer um balanço do trabalho que tem feito no ministério em matéria de combate a incêndios. Lembrou até que as questões em causa são anteriores a ter assumido o cargo. Repetiu que o Governo não tem nada a esconder e que está disposto a ir ao Parlamento. Acentuou que foram publicados vários relatórios e avançou que nesta terça-feira iria divulgar mais um, que sistematizaria toda a informação.

Já sobre a notícia do dia de que o Tribunal de Contas tinha voltado a recusar ao Ministério da Administração Interna (MAI) visto para investimento no SIRESP no valor de 15,8 milhões de euros, Cabrita disse que não era nenhuma surpresa e que, em conjunto com o Ministério das Finanças, serão “encontradas soluções jurídicas para o que é essencial, que é a segurança das pessoas”.

Eduardo Cabrita negou que “qualquer regra financeira tenha sido violada”, explicando que a decisão do Tribunal de Contas foi tomada “por razões de natureza processual”.

Em matéria de esclarecimentos, Cabrita pouco acrescentou. O ministro também contornou algumas perguntas dos jornalistas. Sobre as informações erradas que terá dado ao Parlamento sobre as falhas da rede SIRESP a resposta foi pouco mais do que o silêncio. Sobre a recusa em fornecer documentação ao PÚBLICO sobre os incêndios de 2017, apesar de ser intimado pelo Tribunal Administrativo do Círculo de Lisboa a fazê-lo, a resposta foi o mutismo.

O ministro acusou ainda o PÚBLICO de uma alegada “confusão entre disponibilidade global ou disponibilidade operacional”, para justificar a discrepância de horas que mencionou no parlamento (cerca de nove mil horas) e as avançadas pelo jornal, que são cerca de metade.

Eduardo Cabrita acusou também “um jornal” de, na sua edição online, prestar nesta terça-feira informações “falsas”. Convidado por seis vezes a revelar qual era o jornal e a explicar mais detalhadamente quais eram as falsidades a que aludia, o ministro recusou sempre responder. Presume-se que se referisse ao PÚBLICO e à notícia avançada por este jornal que dava conta do facto de o Tribunal de Contas ter voltado a recusar ao MAI visto para investimento no SIRESP no valor de 15,8 milhões de euros, mas Cabrita nunca o esclareceu.

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