Sondagens abrem boas perspectivas para coligação de esquerda em Espanha

PSOE aponta à vitória nas eleições e pode alcançar maioria absoluta com o Podemos, no melhor dos cenários. Sondagens sugerem ainda para coligação de direita fica aquém da maioria no Parlamento espanhol e destacam indecisos.

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Pedro Sanchez, líder do PSOE Reuters/SUSANA VERA

Uma nova sondagem sobre as intenções de voto dos espanhóis, desta vez com a assinatura do CIS – Centro de Investigações Sociológicas, conhecida nesta terça-feira, põe PSOE à frente nas próximas eleições gerais em Espanha, marcadas para o dia 28 de Abril. De acordo com o estudo, os socialistas serão capazes de arrecadar entre 123 e 138 assentos dos 350 do Congresso espanhol – o que equivale a mais de 30% dos votos – e terão possibilidade de governar em coligação com o Podemos, em maioria absoluta.

Em segundo lugar surge o Partido Popular (PP), que poderá arrecadar entre 66 a 76 assentos. O terceiro lugar do hemiciclo é um dos mais disputados: aqui surge o Cidadãos, com 13,6% das intenções de voto e uma margem entre 42 e 51 deputados; o Unidas Podemos, coligação entre o Podemos e a Esquerda Unida, liderada por Pablo Iglésias, que alcançaria 12,3% dos sufrágios e entre 28 e 34 assentos; e o partido Vox, que disputa as suas primeiras eleições, com 11,9% das intenções de voto.

Na sua estreia nos boletins de voto a nível nacional – participou nas eleições autonómicas da Andaluzia – o partido de extrema-direita conseguiria formar um grupo parlamentar com um número de deputados calculado entre os 29 e 37.

Pela primeira vez, as sondagens sugerem uma situação em que os socialistas, coligados com o Unidas Podemos e o En Comú Podem, conseguem a maioria absoluta para governar. Juntas, as forças políticas de esquerda alcançariam 43,1% e, na melhor das previsões, 179 deputados – três deputados acima da maioria absoluta –, sem necessitar do apoio dos independentistas catalães.

E se se unissem ainda ao Partido Nacionalista Basco, alcançariam 44,4% das intenções de voto e 185 assentos parlamentares, consolidando a maioria.

Uma coligação entre o PSOE e o Cidadãos, também alcançaria maioria para governar. Na melhor das hipóteses, alcançariam 189 assentos – mais 13 assentos do que os requeridos para a maioria absoluta – e 43,8% das intenções de voto dos espanhóis.

Mas esta situação só se tornaria realidade se o líder do Cidadãos voltasse atrás na sua palavra: Albert Rivera já veio a público negar qualquer possibilidade de entendimento pós-eleitoral com o PSOE.

Por seu turno, se o PP se unisse ao Cidadãos e ao Vox, continuaria a dez lugares da maioria absoluta – com uma margem entre os 137 e 164 deputados – e arrecadaria 42,8% das intenções de voto dos espanhóis.

De acordo com a sondagem, o PSOE alcançaria 30,2% dos votos e o PP ficaria com 17,2%. Em 2016, nas últimas eleições, o PP alcançou 33% dos votos. A verificar-se o que prevêem as sondagens da CIS, esta é uma perda enorme na base de apoio dos conservadores espanhóis. No melhor dos cenários, o PP perde 58 assentos face aos actuais 134.

Os indecisos quebraram recordes: 41,6% dos inquiridos não sabe ainda em quem vai votar nas eleições de 28 de Abril, refere o El País. São eles que estão a baralhar as contas do Centro de Investigações Sociológicas. De acordo com os resultados das sondagens, 11,9% dos inquiridos estão indecisos entre o PP e o Cidadãos, 3,1% entre o PP e o Vox, 9,1% entre o PSOE e o Unidas Podemos e 8,9% entre PSOE e Cidadãos.

Quanto aos partidos mais pequenos, o catalão Esquerra pode passar de nove deputados a 17 a 18, mais do que duplicando os seus assentos parlamentares. O Partido Democrata Europeu Catalão (PDeCAT ou ainda, como se tem apresentado em comícios, JxCat) baixa o número de deputados: passa de oito assentos para quatro ou cinco.

O basco Bildu passaria dos dois deputados actuais para entre três a cinco deputados. O Partido Nacionalista Basco passaria de cinco para seis assentos.

O Compromís teria um ou dois deputados – o mesmo número que a coligação de centro-direita de Navarra. O partido animalista contra os maus-tratos a animais (PACMA), que não tem actualmente assento parlamentar, poderá eleger até dois deputados.

Esta foi uma das maiores sondagens do estilo em Espanha. É comum que o CIS – Centro de Investigações Sociológicas publique várias sondagens antes das eleições gerais. Mas esta tem uma particularidade: a amostra escolhida é quase seis vezes maior do que o normal. Por exemplo, no barómetro anterior de Fevereiro realizaram-se apenas 3000 entrevistas. Desta vez foram 16.800.

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