Parlamento britânico aprova planos de May para adiar o “Brexit”

Deputados deram luz verde à proposta do Governo para prorrogar a saída da UE até 30 de Junho. Na véspera foi aprovada lei que obriga primeira-ministra a evitar saída sem acordo esta sexta-feira.

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Manifestação pró-"Brexit" nas imediações do Parlamento, em Londres EPA / VICKIE FLORES

O Parlamento britânico aprovou esta terça-feira a proposta de Theresa May para o adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia até ao dia 30 de Junho. A moção apresentada pelo Governo foi apoiada por 420 deputados contra 110 e é mais um instrumento de pressão que a primeira-ministra quer usar para convencer os líderes europeus a darem luz verde aos seus planos, na cimeira extraordinária de quarta-feira, em Bruxelas.

Como esperado, tendo em conta a forte oposição da facção eurocéptica do Partido Conservador, os deputados tories dividiram-se em dois grupos de votantes: 42% votou a favor da moção do Executivo e outros 30% votaram contra – incluindo Andrea Leadsom (líder da bancada parlamentar), Liam Fox (ministro do Comércio) e Chris Grayling (ministro dos Transportes).

Do lado trabalhista, apenas três deputados furaram a disciplina partidária imposta por Jeremy Corbyn – cuja equipa se mantém em negociações com Downing Street sobre a relação futura entre o Reino Unido e o bloco europeu.

A votação na Câmara dos Comuns realizou-se um dia depois de ter sido aprovada e ratificada uma proposta de lei, da autoria da trabalhista Yvette Cooper e do conservador Oliver Letwin, que obriga o Governo a requerer a Bruxelas uma prorrogação da data do divórcio, para evitar a saída sem acordo no dia 12 de Abril. 

O processo legislativo iniciou-se na semana passada e, depois de várias fases e aprovações na Câmara dos Comuns e na Câmara dos Lordes, recebeu o obrigatório decreto real da Coroa britânica na segunda-feira à noite. Foi a primeira vez, desde que há registos no Reino Unido, que foi aprovada legislação com origem numa moção apresentada por deputados britânicos sem qualquer cargo no Governo. 

Nem uma, nem outra votação são, porém, suficientes para evitar o “Brexit” na sexta-feira. Isto porque, de acordo com a força automática da lei, se Londres e Bruxelas não acordarem qualquer outra solução – adiamento ou cancelamento da saída –, o divórcio é o cenário em cima da mesa, por defeito.

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