FMI volta a rever em baixa crescimento para Portugal

Num cenário de travagem da conjuntura europeia, o Fundo coloca Portugal a crescer 1,7% este ano e 1,5% no próximo. O desemprego, ainda assim, pode continuar a cair.

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Reuters/YURI GRIPAS

Com a economia da zona euro a registar uma travagem ainda mais forte do que era previsto, Portugal não conseguiu escapar a uma nova revisão em baixa da previsão de crescimento feita pelo Fundo Monetário Internacional (FMI).

A entidade com sede em Washington – que esta terça-feira apresentou as suas projecções de Primavera para a economia mundial – estima agora que Portugal irá crescer 1,7% este ano, menos 0,1 pontos percentuais de que a anterior previsão.

O Fundo fica assim em sintonia com a Comissão Europeia, que também reviu recentemente em baixa a sua previsão de crescimento para Portugal em 2019 para 1,7% e afasta-se ainda mais do valor que foi projectado pelo Governo no Orçamento do Estado apresentado em Outubro: 2,2%.

Os membros do Executivo já deram conta da intenção de rever esta meta quando for apresentado o novo Programa de Estabilidade, na próxima segunda-feira. De acordo com o jornal Eco, a nova estimativa de crescimento do Governo para este ano será de 1,9%.

A revisão em baixa agora efectuada pelo FMI acontece num cenário de deterioração global da conjuntura. O Fundo, que em Janeiro tinha passado a sua previsão de crescimento mundial de 3,7% para 3,5%, baixou agora a sua estimativa para 3,3%. E, em particular, tornou-se ainda mais pessimista relativamente à economia europeia. Em Janeiro, a revisão da previsão de crescimento para a zona euro tinha sido de 2% para 1,6% e agora passou para 1,3%.

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O crescimento projectado para a Alemanha em 2019 é agora de somente 0,8%, enquanto a Itália não crescerá mais do que 0,1%, num cenário em que a generalidade dos países europeus regista abrandamentos. No relatório, a entidade liderada por Christine Lagarde justifica este cenário de abrandamento global, afirmando que, depois de uma fase ascendente do ciclo que durou dois anos, se entrou agora numa fase mais negativa, que tem sido prejudicada por factores como “o aumento das tensões comerciais, as subidas de taxas alfandegárias entre os EUA e a China, o declínio da confiança dos empresários, um aperto das condições financeiras e um aumento da incerteza política em muitas economias”.

Especificamente para a Europa, o relatório do FMI destaca quatro factores que “estão a pesar na actividade de diversos países”: “enfraquecimento da confiança dos consumidores e das empresas”, “atrasos associados com a introdução de novos padrões de emissões para os veículos a gasóleo na Alemanha”, “incerteza na política orçamental, com subida das taxas de juro da dívida e redução do investimento, na Itália” e “protestos nas ruas que afectaram o comércio a retalho e pesaram no consumo em França”.

O FMI salienta ainda o facto de o comércio dentro da zona euro ter enfraquecido, um factor que terá sido crucial para a redução de expectativas em relação ao crescimento da economia portuguesa.

Para 2020, o Fundo antecipa que a economia da zona euro possa recuperar ligeiramente, para um crescimento de 1,5%, mas para Portugal o que prevê é um prolongamento de uma tendência de abrandamento na economia, que colocará o país a crescer também 1,5%. Em sucessivos relatórios, os técnicos do FMI têm-se mostrado muito cépticos em relação à capacidade de Portugal manter ritmos de crescimento próximos de 2%, projectando uma descida da taxa de variação do PIB para ó nível de crescimento potencial, que estará pouco acima de 1%, de acordo com as contas do Fundo.

Ainda assim, mesmo com a economia a abrandar, ficando abaixo de um crescimento de 2%, o Fundo continua a acreditar que será possível assistir a novas descidas das taxas de crescimento. Depois de se se fechar o ano passado com uma taxa de 7,1%, o FMI prevê valores de 6,8% e 6,3% em 2019 e 2020, respectivamente.

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