Desporto

Boxe: “Não me chamem rei, chamem-me rainha do ringue”

Yue Wu/Reuters
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Huang Wensi semicerra os olhos e desfere um golpe na direcção da sua oponente, dois socos perspicazes antes de o árbitro as separar após sete rondas de combate. “Consegui, meu filho!”, gritou a atleta de 29 anos, enquanto dançava no ringue perante a rival, a tailandesa Jarusiri Rongmuang, a quem conquistou o cinto de ouro do Asia Female Continental Super Flyweight Championship, em Taipé. Huang faz parte do número cada vez maior de mulheres na China que abraçam o boxe profissional, apreciando a natureza intensa da modalidade apesar dos estereótipos tradicionais que afastam as mulheres de actividades do género.

Enquanto mãe, também é uma raridade no pequeno círculo profissional de pugilistas femininas. E conquistar o título na data de aniversário do filho, em Outubro de 2018, tornou a vitória ainda mais doce. “Uma mulher não está limitada a ser esposa ou mãe em casa”, disse Huang à agência Reuters, acrescentando que o filho, agora com dois anos e meio, saltou de alegria quando falaram depois da vitória numa videochamada. “Vivo para mim mesma. Isto faz-me realmente muito feliz. Espero que existam mais mães que possam encarar este desporto. É possível vivermos para lá da família.”

Nascida numa pequena cidade da província de Guangdong, no Sul da China, Huang iniciou-se no boxe em 2002, depois de um treinador se ter apercebido do seu potencial na escola. Juntou-se, então, a uma equipa regional três anos depois, mas retirou-se em 2011, após uma lesão. Em 2015 viria a conhecer o homem que se tornou seu marido e um ano depois nascia o filho de ambos. Após o nascimento do menino, sofreu uma grave depressão que a levou a contemplar o suicídio. Esse acontecimento fez com que voltasse a pensar no regresso ao pugilismo profissional, depois de alguns anos de treinos extenuantes para recuperar a força física e mental, disse Huang, que também trabalha como professora na cidade costeira de Zheijiang.

“Eu sabia que era a minha única saída”, relatou. Depois da vitória, fãs e amigos rodearam Huang para celebrar a conquista da medalha. “Não me chamem rei”, pediu. “Por favor, chamem-me rainha do ringue.”

Yue Wu/Reuters
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