Paulo Rangel acusa PS de “ataque pessoal” porque está “muito nervoso”

Eurodeputado do PSD reagiu às críticas de Pedro Marques, seu adversário na corrida a Bruxelas e Estrasburgo.

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Paulo Rangel com Rui Rio e Carlos Moedas LUSA/PAULO NOVAIS

O cabeça-de-lista do PSD às eleições europeias, Paulo Rangel, afirmou neste sábado que o PS está “muito nervoso” e que “passou para o ataque pessoal”, quando o veio acusar de ter pouco trabalho feito no Parlamento Europeu.

“Falam de um ranking em que eu teria pouco trabalho e eu estou à frente de todos os deputados socialistas que são candidatos na avaliação global”, sustentou Rangel, afirmando que surge “em sexto lugar” entre os deputados portugueses, “à frente de todos os candidatos socialistas que estão na lista do PS”.

No passado dia 29 de Março, o cabeça-de-lista do PS às europeias acusou o candidato do PSD de ser “um dos piores em trabalho” no Parlamento Europeu (PE), citando uma avaliação dos eurodeputados feita pela Transparency Internacional: “Paulo Rangel também não fez trabalho no PE. O que se conhece do seu trabalho no PE é um relatório legislativo e um relatório não legislativo. Isso significa que dos mais de 751 deputados no PE, Paulo Rangel está no brilhante lugar 597 em trabalho no PE”, disse Pedro Marques, num jantar com militantes e simpatizantes socialistas, em Santa Maria da Feira, no distrito de Aveiro.

Questionado pelos jornalistas à entrada para as jornadas autárquicas do PSD-Porto, Rangel acusou os socialistas de terem usado “quatro ou cinco critérios de [um total de] 14”, assegurando que, se “se fizer a avaliação global, os dois cabeças-de-lista que estão nos primeiros seis lugares são o do PCP e o do PSD e os deputados do PS, nomeadamente os que são candidatos, estão todos atrás”. “Agora se utilizar só seis critérios de 14 é capaz de chegar a um resultado diferente. Não vamos fazer aqui manipulação”, disse.

Os socialistas mostraram-se também indignados por Paulo Rangel estar entre os deputados com mais rendimentos no Parlamento Europeu e ocupar um lugar muito recuado em termos de presenças. A este propósito, o candidato do PSD às eleições de 26 de Maio notou que “o trabalho político de um vice-presidente de grupo parlamentar não é o trabalho legislativo do dia-a-dia": “Eu coordeno 220 deputados de um grupo parlamentar em tudo o que é a formulação de políticas, portanto isto é um trabalho fortíssimo”, sustentou, acrescentando que “até podia relativizar os rankings”, mas “nem sequer” precisa de o fazer, porque surge “francamente numa boa posição”.

“É público e notório que o cabeça de lista [do PS] tem um problema com os números. No caso dos fundos europeus foi desmentido pelo Tribunal de Contas europeu, pelo Banco de Portugal e pela Comissão Europeia, em menos de 15 dias, em três afirmações”, ironizou, acrescentando: “O PS devia usar todos os factos, não é só alguns. Está tão preocupado com as fake news, devia agora ir para os fact checks”.

Ataque às incompatibilidades

Outro exemplo de “ataque pessoal” apontado por Paulo Rangel é o caso criado em torno de um artigo por si escrito em 1993, em que alegadamente defende a incompatibilidade do exercício da função de deputado e de advogado, quando, entretanto, o próprio acumulou o cargo de eurodeputado com a advocacia.

O colunista do Expresso Pedro Adão e Silva recuperou neste sábado um artigo publicado por Paulo Rangel, no início dos anos 90, no Boletim da Ordem dos Advogados “a propósito da taxatividade das incompatibilidades dos advogados”. No texto, “Paulo Castro Rangel não deixava margem para dúvidas: os deputados da República e do Parlamento Europeu, por estarem “tão comprometidos com o Estado e tão expostos à publicidade (potencialmente angariadora de clientela)”, viam a sua “independência e a dignidade da profissão” diminuídas. Concluía, defendendo a revisão urgente das incompatibilidades”, recuperou Adão e Silva.

E acrescentou: “Querem um exemplo de conflito de interesses que insiste em não ser dirimido de forma definitiva pelo legislador? O eurodeputado Paulo Rangel, até recentemente, não se coibiu de acumular o mandato em Estrasburgo e Bruxelas com o lugar de director da sociedade de advogados Cuatrecasas no Porto, juntando ao seu já generoso salário de eurodeputado, 10 mil euros mensais.”

Rangel reagiu, a partir do Porto, alegando que 26 anos é mais do que tempo para alguém poder mudar de posição. “É preciso ir aos factos, não se pode ir buscar um texto de 1993, no qual nem sequer é dito isso dessa maneira”, sustentou. “Mesmo que o texto dissesse isso, que não diz - é um texto académico e científico e que tem outro propósito que não esse -, não tinha sentido nenhum estar a confrontar uma pessoa com uma coisa que escreveu há 26 anos. Podia ter mudado de opinião”.

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