Cabra-montês não pode ser caçada por ser espécie protegida em Portugal

A cabra-montês “tem uma população extremamente reduzida (menos de 50 indivíduos maduros) e uma área de ocupação muito restrita”.

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O director do Departamento de Conservação da Natureza e Florestas do Norte disse nesta sexta-feira que a cabra-montês não pode ser caçada por ser espécie protegida e que é proibido caçar em mais de dois terços do Parque Peneda-Gerês.

Em declarações à Lusa, Armando Loureiro explicou que a cabra-montês “não é uma raça cinegética” por estar classificada no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, como “Criticamente em Perigo”.

O responsável falava a propósito de dúvidas levantadas pelo Fundo para a Protecção dos Animais Selvagens (FAPAS) quanto à preservação daquela espécie, na sequência de umas jornadas que previstas para decorrer em Arcos de Valdevez, promovidas por associações ligadas à caça, e foram, entretanto, suspensas.

Na semana passada, em comunicado, o FAPAS pediu à Câmara de Valdevez a anulação das jornadas, alegando serem “propaganda de caça”. “Ao fim de 20 anos de repovoamento da espécie, já a querem caçar, provavelmente para a levar de novo à extinção”, frisou a organização ambientalista.

De acordo com informação disponível na página na internet do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), o Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal “classifica as espécies de vertebrados que utilizam o território nacional (peixes dulciaquícolas e migradores, anfíbios e répteis, aves e mamíferos) em função da sua probabilidade de extinção, num dado período de tempo”.

O livro, “classifica as espécies em função do seu maior ou menor risco de extinção, documenta a forma consistente o conhecimento de base para proceder a essa avaliação, identifica as ameaças e medidas de conservação necessárias para melhorar o estatuto das espécies ameaçadas e quase ameaçadas, proporciona às autoridades competentes, organizações não governamentais e ao público em geral uma ferramenta prática de conservação, e contribui para o Cadastro Nacional dos Valores Naturais Classificados e Inventário da Biodiversidade”.

Segundo o INCF, a cabra-montês “tem uma população extremamente reduzida (menos de 50 indivíduos maduros) e uma área de ocupação muito restrita”.

“Os animais observados em Portugal pertencem a uma população transfronteiriça, “o Parque Nacional da Peneda-Gerês e várias serras em Espanha”.

O PNPG foi criado em 1971 e é a única área protegida no país com a classificação de parque nacional. Com uma área de mais de 69 mil hectares, conta com “uma diversidade biológica destacada, uma riqueza específica elevada e um número significativo de espécies endémicas”.

Constitui, juntamente com o Parque Natural da Baixa Limia/ Serra do Xurés, na Galiza, o Parque Transfronteiriço Gerês-Xurés e, em conjunto com esse Parque natural espanhol, integra, desde 2009, a Reserva Mundial da Biosfera.

Segundo Armando Loureiro, “em mais de dois terços do PNPG não é permitido caçar, sendo que aquela actividade apenas pode ser exercida nas zonas situadas na periferia do parque em espécies menores, como o coelho, perdiz, lebre, entre outras”.

Segundo o FAPAS, que integra o Conselho Estratégico do PNPG, as jornadas agora suspensas, eram “promovidas pelo Clube Português de Monteiros e o Safari Clube Internacional - Lusitânia Chapter”, com “o apoio do município de Arcos de Valdevez, do Ministério da Agricultura, Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), do Turismo do Norte e com a anunciada presença do ministro do Ambiente e do secretário de Estado das Florestas e Desenvolvimento Rural”.

Armando Loureiro adiantou que o “ICNF foi convidado para participar nos trabalhos onde iria abordar os aspetos legais e formais da conservação da natureza”.

Em resposta escrita ao pedido de esclarecimento hoje enviado pela Lusa, o presidente do Clube Português de Monteiros anunciou a suspensão das I Jornadas Internacionais sobre Sustentabilidade Económica dos Espaços Ordenados e Protegidos, previstas para os dias 13 e 14 de abril, em Arcos de Valdevez.

Artur Torres Pereira invocou “razões técnicas” para a suspensão do evento.

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