Ministro do Ambiente volta a negar ter favorecido a sua ex-mulher

Matos Fernandes fala de “percursos profissionais que aconteceram e foram normais”. Sobre o sucessor de Carlos Martins, ministro diz que haverá novidades para a semana.

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Ministro do Ambiente diz que o sucessor de Carlos Martins deverá ser conhecido para a semana Nuno Ferreira Monteiro

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, rejeitou nesta sexta-feira ter quaisquer responsabilidades na escolha da sua ex-mulher, Ana Isabel Marrana, para assessora do Conselho Directivo da Agência Portuguesa do Ambiente (APA) ou para ex-chefe de gabinete de Célia Ramos, secretária de Estado do Ordenamento do Território, cargo que desempenhou até Agosto de 2018.

A ex-mulher de Matos Fernandes foi escolhida duas vezes para organismos do Ministério do Ambiente, mas o governante nega benefícios a Ana Isabel, respondendo: “Foram percursos profissionais que aconteceram e foram normais”.

 “Há quatro anos, a Ana Isabel foi chefe de gabinete de uma pessoa com quem trabalhou durante dez anos antes disso [de ser nomeada] e foi para o Ministério do Ambiente sem ter sido nomeada por mim. Depois, voltou para a sua vida profissional normal e, ao abrigo da disposição a que todo e qualquer funcionário público pode recorrer, pediu para sair da CCDR-N [Comissão de Coordenação do Desenvolvimento Regional do Norte] para ir para APA [Agência Portuguesa do Ambiente]”, explicou o ministro.

Questionado pelos jornalistas se, em resultado desta relação familiar, houve algum favorecimento ou benefício em relação à sua ex-mulher, Matos Fernandes esclareceu que “Ana Isabel não foi nomeada”, mas sim “requisitada” e que a ex-mulher “trabalha há mais de 30 anos sempre na área do ambiente”.

Ana Isabel Marrana foi nomeada no dia 5 de Janeiro de 2016 para chefe de gabinete de Célia Ramos, secretária de Estado do Ordenamento do Território, por despacho da secretária de Estado e não por despacho do seu então marido, o actual ministro do Ambiente. Em Agosto de 2018, é exonerada do cargo por despacho da secretária de Estado.

A saída do Governo de Isabel Marrana coincide com a separação de ambos. A agora assessora da APA disse ao Expresso que Célia Ramos ainda insistiu para que continuasse, mas optou por voltar ao seu lugar de origem como quadro da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

Estaria lá pouco tempo. “De modo próprio decidi falar com o vice-presidente da APA [Pimenta Machado] e perguntar se havia possibilidade de ir para lá. Quatro meses depois, fui contratada”, disse Isabel Marrana ao Expresso. E sublinhou que o ministro Matos Fernandes não teve influência na decisão: “Como é que podia ter ou como é que podia condicionar o vice-presidente da APA, sendo eu ex-mulher de um ministro? Essa condição, no limite, até podia ter funcionado contra mim…”

O ministro foi ainda confrontado sobre a sua relação com a vice-presidente da empresa Águas do Norte, Fernanda da Conceição Lacerda, tendo recusado falar do assunto.”Não vou confirmar ou comentar nada sobre a minha vida pessoal”, declarou.

Relações familiares à parte, o ministro do Ambiente, que esta sexta-feira participou na sessão do lançamento do concurso para a expansão da rede de metro do Porto – linhas rosa e amarela –, afirmou que ainda não foi escolhido ninguém para suceder ao ainda secretário de Estado do Ambiente, Carlos Martins, que esta quinta-feira se demitiu do Governo, depois de o Observador noticiar que nomeara um primo para adjunto do seu gabinete. Armindo dos Santos Alves, primo de Carlos Martins, pediu a demissão na quarta-feira.

Em relação ao sucessor de Carlos Martins, o ministro confirmou que deverá ser conhecido para a semana. “Ainda não está decidido. Para a semana haverá novidades. Para já, o senhor secretário de Estado mantém-se em funções até à tomada de posse de um sucessor”, sublinhou.

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