Um derby para decidir se há vida depois da Taça

Alvalade é o palco da segunda mão da meia-final entre Benfica e Sporting. “Encarnados” estão em vantagem (2-1) mas Marcel Keizer acredita que é possível dar a volta e lutar por mais um troféu esta época

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A jogar em casa, o Benfica venceu na primeira mão por 2-1. Esta noite Alvalade será o palco do desfecho da meia-final LUSA/José sena goulão

Faltam 52 dias para que o Jamor receba a final da Taça de Portugal e os dois rivais de Lisboa disputam a vaga que sobra, depois de o FC Porto ter confirmado a vantagem sobre o Sp. Braga e garantido o estatuto de finalista. A vantagem está do lado do Benfica, que venceu a primeira mão da meia-final por 2-1, mas esta noite (20h45, RTP1) o Sporting é o anfitrião. E neste derby não está em causa apenas a presença na decisão da Taça de Portugal, a 25 de Maio. Sobretudo para os “leões”, o encontro vai estabelecer a diferença entre andar a cumprir calendário até ao final da época, ou manter no horizonte um objectivo desportivo pelo qual lutar (esta temporada já conquistaram a Taça da Liga). No caso do Benfica, será mais uma frente a juntar à luta pelo título e à Liga Europa – mas os “encarnados” não pretendem abrir mão de nada.

A partida desta noite é a mais importante da época para o Sporting? José Mourinho, à margem do fórum organizado pela Associação Nacional de Treinadores de Futebol, disse que sim. E é difícil não concordar com ele. Marcel Keizer reconheceu que se trata de “um jogo importante”, mas suavizou: “Mas temos jogos importantes na Taça e na Liga ainda para disputarmos. Será um jogo muito bom, tanto para os jogadores como para os próprios adeptos”. Já Bruno Lage centrou-se na sua equipa, considerando o jogo “uma verdadeira final”. “Estamos a vencer, podemos colocar-nos na disputa de um título mais à frente e é um jogo de máxima importância”, vincou.

Passaram quase dois meses desde o jogo da primeira mão, na Luz, que o Benfica venceu por 2-1. Foi no dia 6 de Fevereiro e deixou os dois rivais com estados de espírito opostos: para os “encarnados” foi a terceira de uma série de seis vitórias consecutivas em todas as provas (ainda a melhor sequência da era Bruno Lage); para os “leões” significou a segunda derrota consecutiva para os rivais (e, na circunstância, o quinto jogo seguido sem vencer).

Mas o percurso de cada uma das equipas conheceu desafios distintos desde então. O Benfica superou duas eliminatórias da Liga Europa e inicia na próxima semana o duelo com o Eintracht Frankfurt, nos quartos-de-final da competição. Já o Sporting despediu-se da prova nos 16 avos-de-final, presa do Villarreal. No campeonato houve mudanças substantivas: os “leões” eram quartos classificados, a sete pontos do terceiro (Sp. Braga), oito do segundo (Benfica), e 11 do primeiro (FC Porto). Actualmente ocupam a terceira posição, com os mesmos pontos do quarto classificado (Sp. Braga) e quando faltam sete jornadas para a conclusão do campeonato seguem a oito pontos de Benfica e FC Porto, que dividem a liderança.

Se essa recuperação de terreno no campeonato serve de motivação para os “leões”, não lhes dá favoritismo acrescido no derby desta noite, alertou Marcel Keizer. “Acho que vai ser 50-50. A situação é 2-1, precisamos de marcar, mas jogamos em casa, frente aos nossos adeptos. Acredito que será o mesmo Benfica dos últimos jogos. Com a identidade própria, estilo de jogo e movimentos”, previu o treinador holandês do Sporting.

Keizer tem também o desafio de colocar um ponto final na série de oito duelos consecutivos sem ganhar ao rival Benfica em todas as competições. Quatro empates e quatro derrotas é o saldo dessas partidas, sendo necessário recuar a 2015 para encontrar o último triunfo “leonino” num derby: a equipa então orientada por Jorge Jesus recebeu e venceu os “encarnados” por 2-1, após prolongamento, em jogo dos 16 avos-de-final da Taça. Na altura, foi a terceira vitória consecutiva do Sporting sobre o Benfica em três meses.

Bas Dost, que continua a recuperar de uma lesão no joelho direito, é a principal baixa para Keizer. “Tentámos tudo nos treinos”, lamentou Keizer, que deverá repetir a aposta em Luiz Phellype para a frente do ataque. O avançado contratado ao Paços de Ferreira no período de transferências de Inverno estreou-se a marcar com a camisola “leonina” no fim-de-semana, ao Desp. Chaves. Já Ristovski continua em dúvida: foi expulso por Manuel Mota com vermelho directo na partida frente aos transmontanos, mas os “leões” recorreram da decisão para o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol, considerando que o cartão vermelho não foi bem mostrado. Só hoje deverá haver uma decisão sobre o recurso apresentado pelo Sporting.

Bruno Lage tem menos dores de cabeça. Seferovic voltou a estar disponível, embora o técnico tenha apostado de início em João Félix e Jonas para a partida contra o Tondela. E até deu para o proscrito Taarabt fazer a estreia pela equipa principal do Benfica, três anos e dez meses após o anúncio da sua contratação. Mas a convocatória dos “encarnados” deixa antever pelo menos um par de mudanças no “onze”: Vlachodimos e Ferro ficaram fora das opções de Bruno Lage e deverão ser rendidos por Svilar e Jardel, respectivamente. “Estamos a vencer ao intervalo, é um resultado curto e temos de estar ao nosso melhor nível. O adversário é competente, das melhores equipas em Portugal. Temos de dar o nosso melhor”, sublinhou o treinador do Benfica.

“[O Sporting] tem as suas forças e fraquezas”, acrescentou Bruno Lage, destacando a eventualidade de os “leões” se apresentarem esta noite de forma diferente, com três centrais. Outra das incógnitas será o posicionamento de Bruno Fernandes, que o técnico destacou na formação rival: “A curiosidade é saber a posição onde Bruno Fernandes joga, se será mais ofensiva, como no primeiro jogo [para o campeonato], ou mais perto da construção, como no segundo jogo [da Taça]. Não sei se vão jogar com três centrais. Sinto que a saída a três seja a opção e nós teremos a nossa estratégia bem definida”, garantiu.

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