Maratona da comissão de Tancos começa com audições à porta fechada

A reserva das audições foi pedida pelo advogado dos dois inquiridos, o sargento Mário Lage de Carvalho e o major Pinto da Costa, da Polícia Judiciária Militar, que são arguidos nas investigações do Ministério Público.

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A Comissão presidida por Neto Brandão reuniu à porta fechada Daniel Rocha

As 29ª e 30ª audições da comissão parlamentar de inquérito a Tancos, o início de uma maratona de quatro sessões nesta terça-feira, decorrem à porta fechada por decisão do PSD, CDS, PS e PCP. O deputado João Vasconcelos, do Bloco de Esquerda, esteve ausente desta votação, que determinou, ainda, por iniciativa do CDS e PSD, que as audições de quarta-feira dos arguidos João Paulino e Paulo Lemos, “Fechaduras”, não se realizem por estarem constituídos arguidos no processo judicial.

Na manhã desta terça-feira estavam agendadas as audições do sargento Mário Lage de Carvalho e do major Pinto da Costa, ambos da Polícia Judiciária Militar (PJM) e arguidos nas investigações do Ministério Público. Lage de Carvalho foi detido em Setembro de 2018 no âmbito da Operação Húbris e é acusado de encobrimento. Pinto da Costa, segundo o director da PJ, Luís Neves, teve conhecimento da denúncia de Abril de 2017, meses antes do furto de Tancos, que alertava para a montagem de uma operação de roubo de armas numa zona, não especificada, no norte e centro do país, e não a terá tramitada aos seus superiores.

Foi por requerimentos do advogado destes dois arguidos que na segunda-feira chegaram ao Parlamento – no mesmo dia em que Lage de Carvalho foi chamado ao DCIAP – que se começou a desenhar a hipótese de audições à porta fechada. O advogado invocou a salvaguarda dos direitos fundamentais, a preservação do direito à imagem e a sua constituição de arguidos num processo que está em segredo de justiça. O que determinou que as audições da manhã desta terça-feira decorram à porta fechada, o que acontece pela primeira vez na comissão parlamentar de Tancos. Para a tarde de hoje, estão previstas as audições do coronel Manuel Estalagem e do capitão João Bengalinha, ambos da PJM.

A decisão de prescindir das audições do ex-fuzileiro João Paulino, apontado como um dos responsáveis do roubo, e de Paulo Lemos, conhecido como “Fechaduras”, agendadas para quinta-feira, foi justificada por Telmo Correia, do CDS, por estarem constituídos arguidos no processo judicial. Esta decisão, contudo, marca uma diferença, quer com os ouvidos esta manhã, quer com futuras audições, a começar pela desta quinta-feira do major Vasco Brazão, ex-porta-voz da PJM, e também arguido nas investigações.

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