BCP vai cobrar pelas transferências MB Way

Depois de o BPI ter comunicado a cobrança das transferências, através do telemóvel, a uma parte dos clientes, o Millennium vai fazer o mesmo a partir de 17 de Junho. De fora, ficam clientes com “contas pacote” ou quem tenha menos de 23 anos.

Foto
Já são dois os bancos a penalizar transferênjcias através do telemóvel. Ines Fernandes

Já são dois os bancos que vão começar a cobrar comissões pelas transferências MB Way, um dos atractivos desta aplicação para telemóveis. Depois do BPI, o Millennium BCP actualizou esta segunda-feira o preçário, passando a cobrar 52 cêntimos (incluindo imposto do selo) aos clientes que utilizem a aplicação própria do banco, e 1,248 euros aos que utilizarem a app MB Way, criada pela SIBS, a gestora do Multibanco e comum a todos os bancos.

A actualização do preçário, avançada esta segunda-feira pelo Jornal de Negócios, será aplicada a partir de 17 de Junho, e deixa de fora parte dos clientes, como os que têm contas Programa Prestige, Programa Prestige Direto, Portugal Prestige, Cliente Frequente ou Millennium GO!. Os clientes até 23 anos também ficam isentos. Segundo fonte oficial do banco, “as isenções abrangem mais de 50% dos clientes da instituição”.

As duas comissões agora anunciadas serão cobradas nas transferências para contas domiciliadas noutros bancos, mas também entre contas Millennium.

Em Fevereiro, e com efeitos a partir de Maio, o BPI anunciou a cobrança de 1,20 euros (1,248 euros com imposto de selo) para os clientes que não usem a app BPI ou a BPI Net, e não tenham a Conta Valor. Fora deste universo, a cobrança de 1,20 euros será feita mesmo que as transferências sejam feitas dentro do banco.

Com o comissionamento destas transferências, isentando algumas contas, os bancos criam mais um incentivo para agregar os clientes nas chamadas “conta pacote”, que juntam vários serviços por um custo único.

Tal como o PÚBLICO já noticiou, boa parte dos bancos já estão preparados para cobrar pelo serviço, mas apenas este dois deram o “tiro” de partida. O MB Way, aplicação para telemóveis que dispensa o uso físico de cartões de débito e de crédito, tem conquistado um número crescente de utilizadores.

No entanto, o seu comissionamento por parte dos bancos tem criado alguma desconfiança entre os utilizadores dessa funcionalidade. Como o PÚBLICO noticiou recentemente, a retracção na utilização da aplicação é visível no número de transacções que passam pela EUPAGO, empresa portuguesa especializada no apoio a pagamentos realizados através da Internet.

De acordo com os dados da EUPAGO, os pagamentos com MB Way caíram em Fevereiro, primeiro mês depois da polémica aberta pelo BPI, tendência que também era visível nos primeiros dias de Março. José Veiga, CEO desta empresa, explicou que embora nas operações de pagamento online “o consumidor nunca seja debitado pelo pagamento online, a sua percepção enquanto utilizador foi afectada pelo ruído mediático que se gerou em torno do tema”.

No âmbito do trabalho relativo aos dados da EUPAGO, o PÚBLICO pediu à SIBS, dados recentes sobre a utilização do MB Way, mas a entidade gestora do Multibanco não os forneceu, alegando que “os dados estatísticos que podem ser disponibilizados são agregados e por períodos temporais específicos, como o Natal”. Depois da publicação da notícia, a SIBS enviou ao PÚBLICO dados relativos ao primeiro trimestre que, no agregado, mostravam uma subida de 16% face ao último trimestre de 2018.

O PÚBLICO voltou a pedir à SIBS a desagregação mensal dos dados, uma vez que se pretende avaliar o eventual impacto do anúncio do comissionamento pelo BPI, informação que a entidade gestora de pagamentos ainda não disponibilizou.

Sugerir correcção
Ler 5 comentários