Sete minutos para regressar ao Walk&Talk, um festival “em mutação” (como o clima)

Estrearam-se em 2018 no Walk&Talk, a convite da organização, com uma missão: filmá-lo. Três amigos, três artistas, todos vindos do Porto e do Cinema: Bernardo Ferreira, Rui Nó e Cláudio Oliveira. De câmara nas mãos, aterraram em São Miguel, pisaram pela primeira vez os Açores e, o que viram, vemo-lo agora nós, quase um ano volvido. Num vídeo com pouco mais de sete minutos, que se estreia aqui no P3, tentaram condensar todas as impressões e sensações da oitava edição de um festival interdisciplinar dedicado à criação artística contemporânea que gosta de esticar limites e esperar para ver no que vai dar.

Palavra a Bernardo, de 27 anos: "É um documentário sobre o que aconteceu no festival em 2018. É um filme muito próximo dos artistas que lá trabalharam, muito próximo de São Miguel e da experiência que tanto os artistas como o público têm do festival." Nele desfilam os trabalhos, os passos e as palavras de Caroline David, Gustavo Ciríaco, Sascha Pohflepp e Chris Woebken, Lígia Soares, João Mourão e Luís Silva, Miguel Flor, entre outros. 

"Foi uma experiência incrível", diz Rui, que integra com Bernardo o colectivo de arte digital berru. "E esperemos que, ao ver o vídeo, as pessoas sintam aquilo que nós sentimos." E o que foi isso? Que é "um festival diferente também pelo espaço" em redor, considera Cláudio. Uma beleza natural da qual, crê Bernardo, é "impossível escapar" e "contamina" qualquer trabalho artístico, que se quer diverso, pronto a derrubar barreiras, em permanente metamorfose. Como a geografia local. Como a metereologia local. "Embora a ilha seja muito pequena, à medida que viajamos contactamos com parques naturais belíssimos, mas muito diferentes. E há um clima quase exótico, em que tanto chove como faz sol, sempre em constante mutação." Como o próprio festival.

Ver para crer (ou querer) de 5 a 20 de Julho, quando o Walk&Talk regressa a São Miguel com mais de meia centena de artistas, colectivos e curadores, vindos das artes plásticas, dança, música, cinema, de um pouco de tudo. O que já se sabe: Joana Gama e Luís Fernandes assinam o espectáculo de abertura At the Still Point of the Turning World; a sede será um pavilhão temporário assinado pelo colectivo Artworks & GA Studio; haverá um circuito de arte pública, com curadoria dos The Decorators, composto por sete projectos que vão ser criados em vários locais e vão procurar “incorporar a ilha e produzir experiências no terreno, em colaboração com as comunidades e as paisagens"; preparam-se exposições de, entre outros, Maria Trabulo, Gonçalo Preto, Rita GT, Diana Vidrascu e Olivier Notellet; inauguram-se novas residências com, por exemplo, Abbas Akavan e a açoriana Madalena Correia (e, na música, Michell Blades e Rodrigo Araújo, mais conhecido por Vaiapraia, vão compor um álbum). E mais estará para vir.