O que se passa com a nossa pele quando tomamos banho diariamente

A depilação e as exfoliações agressivas também contribuem para desequilíbrios nesta camada protectora da pele.

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Roberto Nickson/UNSPLASH

Devemos tomar banho todos os dias? Sim, mas apenas um duche diário, aponta a dermatologista Helena Toda Brito. “Não existe uma recomendação universal para a regularidade com que se deve tomar duche”, diz. No entanto, o recurso excessivo ao banho pode perturbar a composição do microbioma e originar doenças como dermatite atópica e eczema. “De um modo geral, é recomendável um duche diário no adulto”, mas há excepções conforme a idade, o tipo de pele, o clima, a profissão e o nível de actividade física. 

“Em certos casos, como por exemplo pessoas que transpiram muito, atletas ou habitantes de climas tropicais, podem estar indicados dois ou mais duches”, acrescenta. Mas, nessas situações, é importante ter alguns cuidados. O tempo que passa no banho não deve exceder os dez minutos e a água deve estar morna (37 graus centígrados). No dia-a-dia, é importante utilizar um creme hidratante e “manter um estilo de vida saudável” de modo a proteger a pele, adverte Helena Toda Brito.

O microbioma é, muitas vezes, associado à flora intestinal, mas esta camada, única e específica para cada pessoa também ajuda a proteger a pele de agressões exteriores. Esta protecção é o “conjunto de microrganismos, principalmente bactérias, mas também fungos e vírus, que habitam diversas áreas do corpo humano”, define a especialista.​ A genética, a alimentação e o stress, mas também o facto de ter ou não animais de estimação contribuem para a constituição do microbioma. 

Além dos banhos, existem outros factores que podem afectar o microbioma da pele. As “exfoliações demasiado agressivas” e a depilação são alguns deles e, por isso, é importante que sejam utilizados produtos que ajudem a restabelecer a pele, acrescenta Marta Quelhas, directora de marketing da Dove. Segundo a mesma, trata-se da “primeira marca a disponibilizar gel de banho amigo do microbioma”. Ainda que não tenham a mesma dimensão em termos de mercado, há à venda nas farmácias produtos deste tipo destinadas a peles sensíveis, com um pH neutro. De acordo com Helena Toda Brito, os produtos de higiene devem ser “suaves, livres de sulfatos”, tendo a atenção para respeitar o pH e microbioma da pele.

Um estudo publicado no site do MDPIOpen Journal Acess, mostra que o recurso a produtos com ingredientes sintéticos é “apontado como uma das causas para os danos do microbioma”. O mesmo estudo faz referência ao facto de que uma pele saudável depende da biodiversidade de elementos pelos quais é composta. 

Texto editado por Bárbara Wong

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