Na Gafanha de Aquém, os vizinhos é que tentam garantir a segurança na sua rua

Moram todos na mesma rua, uma via onde se arrisca a vida cada vez que se põe o pé fora da porta. Uniram-se para enfrentarem o trânsito.

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Adriano Miranda

Já bateram à porta de diversas entidades, juntaram-se para literalmente mandar parar o trânsito – numa acção de sensibilização que contou com o apoio da GNR – e não desistem de lutar. Na Rua do Norte, na Gafanha de Aquém (Ílhavo), os vizinhos uniram-se num movimento cívico, a que deram o nome de Nossa Rua, Nossa Casa. Neste momento, estão concentrados em resolver o problema da falta de segurança da estrada onde vivem e na qual é cada vez mais difícil não “acordar com os móveis a trepidar” por causa dos pesados de mercadorias. Os veículos ligeiros também por ali passam em grande número e, em muitos casos, a velocidades excessivas.

“Quando percebemos que andavam várias pessoas a falar com a autarquia dos problemas da rua, decidimos que era melhor juntarmo-nos, falar pelo colectivo”, introduz Rafaela Norogrando. A uma só voz, começaram a alertar para a necessidade de se colocarem sinais e redutores de velocidade na via que é uma das principais ligações entre a Gafanha da Nazaré e Ílhavo. Também em uníssono, conversaram com dezenas de automobilistas que usam aquela estrada – em Junho do ano passado, realizaram três acções de sensibilização dos condutores.

“O que nos disseram muitos condutores é que nem sabiam que só era permitido circular a 40 quilómetros/hora e sugeriram a colocação de sinais”, acrescenta Rafaela Norogrando. O cenário torna-se ainda mais perigoso devido à falta de passeios em grande parte da rua. “Também faltam passadeiras. Imaginem o perigo que é para virmos colocar o lixo nos contentores”, apontam, por seu turno, Jaime Rocha e Manuel Gomes.

Os elementos do movimento Nossa Rua, Nossa Casa já se colocaram à espreita, durante toda uma manhã, e fizeram as contas. “Contabilizámos 200 camiões a passarem por aqui só numa manhã, parte deles a mais de 70 quilómetros por hora”, argumenta Carlos Meireles, outro dos elementos do colectivo que luta em prol da Rua do Norte. Enquanto conversam com o PÚBLICO, à beira da estrada, a velocidade a que circulam vários pesados ajuda a confirmar esta tese.

“A circulação de pesados não era permitida nesta rua”, recordam, a propósito de uma limitação que vigorou durante vários anos. “Agora, para resolver o problema dos empresários, a câmara de Ílhavo retirou o sinal e coloca o problema para cima dos moradores”, destacam. Por problema entenda-se o risco de caminhar na berma, a destruição parcial (fendas) das fachadas de algumas habitações ou os sonos interrompidos pelo barulho dos camiões. “De madrugada, quando eles vão vazios para o porto comercial, até damos um salto da cama”, testemunha, por seu turno, o casal Francisco e Cecília Rodrigues.

Moradores têm de esperar pela obra de saneamento

Aos representantes do movimento cívico, o presidente da câmara municipal, Fernando Caçoilo, tem dito que só depois de concluída a obra de saneamento básico na Gafanha de Aquém – empreitada já em curso e que tem um prazo de execução de 14 meses – é que serão feitas as devidas intervenções (nova sinalização, limitadores de velocidade, ciclovia, etc.). Ao PÚBLICO, o edil reiterou essa previsão.

Os moradores terão, assim, de aguardar e fazer fé no civismo dos automobilistas que por ali circulam, uma vez que a GNR já terá informado o colectivo de que, “por motivos técnicos, não é possível colocar um radar no local”, referem Rafaela Norogrando e Carlos Meireles, a propósito daquilo que ouviram em reunião recente com o comando distrital da guarda.

Já no que concerne à retirada dos pesados daquela via urbana, Fernando Caçoilo assegura que a limitação implementada no passado já não é passível de ser concretizada nos dias de hoje. “Há agora um movimento grande de camiões entre o porto de Aveiro e a zona industrial das Ervosas e não há alternativa, têm de passar pela Rua do Norte”, afiança. “O movimento já sugeriu transferir o trânsito de pesados para a Estrada da Mota, mas aí seria muito complicado. Há mais moradias, há estabelecimentos comerciais e mais peões”, adverte o autarca.

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