Ordem dos Farmacêuticos quer impedir farmácias em hospitais

Neste momento, 680 farmácias enfrentam processos de penhora e insolvência.

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Serviço de farmácia do Instituto Português de Oncologia Rui Gaudencio

A Ordem dos Farmacêuticos apelou esta quarta-feira ao parlamento para que chumbe um projecto de lei que permite o funcionamento de farmácias em hospitais, alertando que tais medidas põem em causa a sustentabilidade financeira do sector.

O projecto lei vai ser discutido e votado esta tarde na Comissão de Saúde e visa permitir o funcionamento de farmácias de venda ao público instaladas nos hospitais, sendo que esta medida iria beneficiar, para já, apenas a farmácia do Hospital Beatriz Ângelo, no concelho de Loures, a única do país que ainda se encontra a funcionar nestes moldes.

“A criação de farmácias nos hospitais é incompatível com a sobrevivência de pequenas farmácias, próximas das populações mais isoladas. Vale a pena pôr em risco a existência de farmácias no Milharado (concelho de Mafra) e em Sapataria (Sobral de Monte Agraço) para manter aberta uma farmácia de venda ao público num hospital (Beatriz Ângelo)?”, questiona a Ordem dos Farmacêuticos numa carta aberta enviada à Comissão Parlamentar de Saúde.

Na missiva, a Ordem dos Farmacêuticos refere que, neste momento, 680 farmácias enfrentam processos de penhora e insolvência e que, nos concelhos de Loures, Odivelas e Sobral de Monte Agraço, todos no distrito de Lisboa, existem mais de uma centena de farmácias a prestar serviços 24 horas por dia.

“Os portugueses sabem que as pequenas farmácias que os atendem de noite e de dia, nas suas aldeias, vilas e bairros suburbanos, não suportam a concorrência desleal de farmácias de grandes grupos económicos, estrategicamente colocadas nos locais de grande prescrição”, lê-se no documento.

A Ordem dos Farmacêuticos recorda ainda que “mais de 100 mil portugueses subscreveram a petição Salvar as Farmácias, cumprir o SNS (Serviço Nacional de Saúde)” e que, nesse documento, se defende “explicitamente o fim definitivo das farmácias nos hospitais”.

“Um interesse particular, individual, não pode sobrepor-se ao interesse público e ameaçar uma rede de farmácias que é património dos portugueses. Defender o SNS é rejeitar regimes de excepção que comprometem a igualdade dos portugueses no acesso seguro, próximo e com qualidade aos medicamentos”, conclui o texto da carta.

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