Manel Cruz fala em “boa vontade” da Câmara do Porto no processo do Stop

Antigo vocalista dos Ornatos Violeta é um dos muitos músicos que ensaia no antigo centro comercial na zona oriental do Porto. Rui Moreira está a tentar evitar o encerramento do espaço, garante Manel Cruz

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Centro Comercial tem mais de uma centena de salas de ensaio, "casa" de muitos artistas do Porto Paulo Pimenta

A Câmara do Porto manifestou “boa vontade em reconhecer no Stop um papel criativo na cidade”, disse esta quarta-feira à Lusa o músico Manel Cruz, sobre o local onde trabalham dezenas de músicos mas que continua a ter vários "problemas crónicos” e esteve, por isso, em perigo de encerrar. Segundo o músico, a “micro comunidade” de artistas que se gerou no antigo centro comercial do Porto, entretanto reconvertido em vários estúdios e a funcionar devido ao “espírito” gerado pelo convívio de diferentes músicos, das mais variadas gerações e experiências, está a organizar-se para levar a bom porto o “processo de legalização do espaço”.

O presidente da câmara, Rui Moreira, lembrou então que o Stop se transformou na “Big Garage” da música portuense, à semelhança de outros movimentos informais que surgiram noutras cidades da Europa, movimentos estes que a “última coisa que querem é a interferência do poder público”.

O autarca alertou, ainda assim, para o perigo de um possível incêndio e revelou a intenção de se reunir com a administração, para saber “se tem condições para fazer as obras necessárias para que aquilo possa actuar legalmente”, ou se teria interesse “em alienar aquele edifício”.

“Há boa vontade por parte da Câmara de reconhecer no Stop um papel criativo na cidade, e há toda essa vontade de facilitar esse processo”, realça Manel Cruz, explicando também o papel da administração numa questão de “conjugação de interesses de todas as partes”.

Lembrando que trabalha no Stop já há “muitos anos”, o antigo vocalista dos Ornatos Violeta, cujo álbum a solo, “Vida Nova”, é lançado a 5 de Abril, elenca “uma certa anarquia e a autogestão” do espaço como um dos segredos de um lugar que exerceu sobre o músico “uma influência enorme” e cujo espírito importa manter.

“Tenho aqui grandes amigos, e dentro da medida das necessidades contamos uns com os outros. Sem haver um compromisso, as pessoas aproveitam o facto de estarem ligadas, e isso é muito bom porque potencia certas coisas, há facilidade em fazer coisas, tens pessoas que emprestam material, participam”, refere.

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