Apoio à Vítima ajuda 14 mulheres e 3 crianças por dia

Em 2018, a APAV apoiou 9344 vítimas. Mais de 70% sofreram violência doméstica.

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Em 2018 a APAV apoiou 9344 vítimas LUSA/ANTóNIO PEDRO SANTOS

Em 2018, a Associação de Apoio à Vitima (APAV) apoiou 5173 mulheres adultas, o que significa, em média, 14 mulheres por dia e 99 por semana. O apoio chegou igualmente a 941 crianças e jovens – em média, três por dia e 18 por semana. Também pessoas idosas (926) e homens adultos (854) receberam ajuda da APAV.

Segundo o relatório anual de 2018, divulgado esta terça-feira, a maioria das crianças que recebeu apoio da APAV (66,7%) são meninas, têm em média 11 anos, vivem numa família nuclear com filhos (34,8%), e são estudantes (80,2%). Olhando para o perfil geral das vítimas, verifica-se que 82,5% vítimas são mulheres, com idades compreendidas entre os 25 e os 54 anos (39,8%), casadas em 27,7% dos casos, solteiras em 25,1%, vivem em famílias nucleares com filhos (32,9%), estão empregadas (32,6%) e em 23,6% dos casos os maridos são os autores do crime.

No total – incluindo casos onde não é possível reunir todos os detalhes – a APAV identificou 9344 vítimas, o que representa um aumento de 1,8% face a 2017. Destas, 74,1% foram vítimas de violência doméstica (6928).

O perfil da vítima de violência doméstica não apresenta diferenças significativas do perfil geral da vítima que recorre à APAV:

  • idade média de 43 anos; 
  • solteira em 21,7% dos casos, casada noutros 32,3%, em 37,7% dos casos vive numa família nuclear com filhos;
  • tem qualificações ao nível do ensino superior (9,2%) ou do secundário (6%);
  • está empregada (35,2%);
  • em 23,6% dos casos o agressor é o cônjuge, proporção que aumenta para 57,7% quando incluídos ex-cônjuges, companheiros, ex-companheiros, namorados e ex-namorados.

Além da violência doméstica (que, segundo a UMAR — União de Mulheres Alternativa e Resposta​, matou 28 mulheres no ano passado), destacam-se, por tipo de crime, crimes de violência sexual, nomeadamente o abuso sexual de crianças (348 crimes), abusos sexuais de menores dependentes (15) e pornografia de menores (31). Houve também 470 crimes de stalking/perseguição, 165 casos de violação (em crianças ou adultos) e 41 de cibercrime.

Perante o total das 9344 vítimas registadas, a APAV assinalou 9665 autores de crimes. Destes, mais de 80% eram do sexo masculino e tinham idades compreendidas entre os 35 e os 54 anos (21,4%). Cerca de 29,9% eram casados e dispunham de uma ocupação profissional, segundo o relatório.

Em 76% dos casos, a vitimação é continuada e o local do crime é sobretudo (51,3%) a residência comum. Em 38% das situações não foi feita qualquer denúncia. Entre o tipo de contactos realizados, mais de 69% são efectuados pelas próprias vítimas, seguindo-se o contacto de familiares e amigos (20%).

As zonas do país onde houve mais vítimas apoiadas foram Lisboa (563), Cascais (299), Braga (298), Porto (291), Sintra (281) e Vila Nova de Gaia (225).

Mais atendimentos

Além das 9344 vítimas, foram assinalados à APAV 20.589 crimes e outras formas de violência, sendo que 15.964 crimes foram de violência doméstica. Estes números resultam dos 46.371 atendimentos feitos pela associação de apoio à vítima, que representam um aumento de 31% face ao ano anterior – entre 2015 a 2017 o aumento de atendimentos foi menos significativo, rondando os 19%. Na sequência dos atendimentos, foram abertos 11.795 novos processos e processos em acompanhamento.

Em 2018, no âmbito da formação e da sensibilização e prevenção da violência, foram realizadas pela APAV 1100 actividades formativas, abrangendo 26.238 participantes.

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