Defesa de “El Chapo” pede novo julgamento

Comportamento dos jurados, que terão lido notícias sobre o caso, em violação das ordens do juiz, é posto em causa pelos advogados do narcotraficante mexicano.

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Reuters/HANDOUT

Os advogados de Joaquin Guzmán, o narcotraficante mexicano conhecido como “El Chapo”, exigiram esta terça-feira a realização de um novo julgamento devido a conduta imprópria dos jurados.

Numa petição dirigida ao tribunal federal de Brooklyn, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, a defesa de Guzmán argumenta que é necessária a anulação do julgamento já concluído e a realização de um novo depois de um artigo da Vice News ter revelado que alguns membros do júri leram notícias sobre o caso e pesquisaram informação na rede social Twitter, em violação do black out informativo decretado pelo juiz para os jurados deliberarem apenas com base nas provas e testemunhos apresentados em tribunal.

“El Chapo”, de 61 anos, foi declarado culpado a 12 de Fevereiro por crimes de homicídio e tráfico de droga, depois de os jurados terem ouvidos mais de 50 testemunhas que prestaram depoimentos sobre o dia-a-dia do cartel de droga de Sinaloa, no México, que rendeu ao traficante mais de 12 mil milhões de euros (14 mil milhões de dólares), segundo a CNN. Guzmán introduziu toneladas de cocaína, heroína, marijuana e metafetamina nos Estados Unidos ao longo dos últimos 20 anos, liquidando rivais de outros cartéis mexicanos.

O mexicano aguarda agora a leitura da sentença, que está marcada para 25 de Junho e poderá resultar numa pena de prisão perpétua numa cadeia de segurança máxima.

De acordo com o referido artigo da Vice News, que teve como base uma entrevista com um jurado sob anonimato, pelo menos cinco jurados terão violado as ordens do juiz Brian Cogan de não seguir o caso de Guzman na comunicação social ou nas redes sociais. Uma das peças que poderá ter influenciado os membros do juri foi uma reportagem do New York Times, baseada em documentos judiciais, que referia as suspeitas de que Guzmán  terá drogado e violado menores — acusações que “El Chapo” nega.

Através dos Twitter, os jurados terão também sabido que o juiz iria inquiri-los sobre a possível leitura do artigo, mentido depois ao negar ter conhecimento da reportagem.

Os advogados de Guzmán disseram que os jurados estiveram expostos a uma “torrente” de dados e suspeitas que nunca foram apresentados em tribunal.

“Se podemos avaliar um sistema judicial pela forma como trata aqueles que são mais impopulares e odiados, então o nosso [sistema] pode ter fracassado na defesa de Guzmán ao negar-lhe um julgamento justo perante um júri isento, tal como é seu direito constitucional”, argumenta a sua defesa.

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