Câmara de Mafra exige medidas para maus cheiros provenientes da Tratolixo

Os socialistas exigem "melhor qualidade de vida" para os mafrenses, e apontam o dedo aos social-democratas que devem "obrigar a Tratolixo a resolver os maus cheiros".

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O PS, na Câmara de Mafra, exigiu esta terça-feira soluções para os maus cheiros oriundos do Ecoparque da Abrunheira da Tratolixo - central de tratamento de resíduos sólidos de quatro municípios, Cascais, Oeiras, Sintra e Mafra -​, e a maioria social democrata solicitou medidas urgentes à empresa, que esclareceu que está a investir nesse sentido.

“Enquanto os maus cheiros aparecerem, o problema persiste e é preciso exigir [à Tratolixo] melhor qualidade de vida para quem vive em Mafra”, no distrito de Lisboa, afirmou o presidente da comissão política do PS de Mafra e vereador nesta autarquia, Sérgio Santos.

Para o socialista, a maioria social-democrata na câmara municipal “tem de obrigar a Tratolixo a resolver os maus cheiros”, lembrando que os municípios associados da empresa “pagam 23 euros por tonelada, o dobro do que se paga na Valorsul”.

O presidente da câmara, Hélder Sousa Silva (PSD), respondeu que o município “tem feito tudo o que está ao seu alcance para mitigar os cheiros da Tratolixo” e “exigiu à Tratolixo que aplique medidas urgentes para mitigar esse incómodo”, quer nas reuniões do conselho de administração da empresa, quer através de ofício.

O autarca esclareceu que “existiram anomalias de funcionamento que levantaram situações mais críticas de cheiros, o que levou a empresa a instalar um sistema de monitorização de cheiros”, permitindo que o “cheiro que existe esteja bastante reduzido”.

Questionada pela Lusa, a Tratolixo explicou que os odores sentidos nas imediações do Ecoparque da Abrunheira, nomeadamente na auto-estrada A21 e na localidade de São Miguel de Alcainça, no concelho de Mafra, estão relacionados com o “tratamento de resíduos urbanos”, “maioritariamente refugos resultantes de processos de tratamento, isto é, já expurgados da fracção orgânica que poderá causar odores”.

Segundo a empresa, no final de 2018, a paragem técnica da Unidade de Valorização Energética da Valorsul, para onde a Tratolixo encaminha parte dos resíduos urbanos, fez com que as “as células de confinamento recebessem resíduos com maior presença de orgânicos”, situação que está “regularizada desde o início deste ano”.

A Tratolixo esclareceu que já implementou medidas de mitigação dos maus odores e está a investir cerca de 90 mil euros, dos quais 75 mil euros na substituição de material filtrante na Central de Digestão Anaeróbia, que deverá ficar concluída este mês, e 12 mil euros na instalação de um “nebulizador oxidante”.

Outras medidas passaram também pelo desvio de resíduos para aterros externos.

A empresa encomendou ainda um estudo à Universidade Nova de Lisboa para caracterizar a frequência e a intensidade do impacto e está “a estudar com uma empresa internacional a implementação de um sistema de reporte “online"”, o que vai permitir conhecer em tempo real o território pelo qual os odores se dispersam.

Em 2017, a Tratolixo investiu cerca de 160 mil euros num novo sistema de desodorização química na Estação de Tratamento de Águas Lixiviantes do Ecoparque da Abrunheira, para melhorar os odores aí gerados e tratados, sistema que tem um custo de operação de cerca de 180 mil euros/ ano.

A Tratolixo gere os resíduos dos habitantes dos concelhos de Cascais, Mafra, Oeiras e Sintra, todos no distrito de Lisboa.

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