Queixas dos trabalhadores dos têxteis do Bangladesh aumentaram em 2018

Os profissionais do sector queixam-se da falta de segurança no trabalho.

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REUTERS/Andrew Biraj

Os trabalhadores das fábricas de roupa no Bangladesh submeteram um número recorde de queixas sobre a segurança no trabalho, no ano passado, mostrando que o mecanismo criado pelas marcas europeias, The Bangladesh Accord, está a resultar. Ao todo foram preenchidas 662 queixas, revelaram os sindicatos do país.

Em 2013, após a morte de 1100 pessoas no colapso do edifício Rana Plaza que provocou uma onda de protesto devido às más condições de trabalho, cerca de 200 marcas e sindicatos globais assinaram o The Bangladesh Accord. Esta negociação abrangeu quase 1700 fábricas, bem como marcas de roupa e retalhistas de cerca de 20 países, como o grupo de supermercados Tesco da Grã-Bretanha, a empresa de moda sueca H&M ou a marca alemã de desporto, Adidas.

Desde que entrou em vigor em 2014, o movimento The Bangladesh Accord já recebeu 1152 queixas, muitas relacionadas com incêndios e falhas nas estruturas que deixaram cerca de 100 fábricas impedidas de fornecer os seus clientes. “Em comparação com os outros mecanismos de reclamação, os proprietários levam as reclamações registadas no acordo um pouco mais a sério”, disse Amirul Haque Amin, chefe da Federação Nacional de Trabalhadores de Vestuário, o maior sindicato de Bangladesh, à Reuters. “Eles sabem que os compradores também são uma parte interessada aqui e, se não resolverem o problema adequadamente, os seus negócios poderão ser afectados”, justificou o líder.

O Bangladesh é um dos maiores fornecedores de roupas para países ocidentais, ficando apenas atrás da China. O país depende da indústria do vestuário, onde trabalham cerca de quatro milhões de pessoas, para mais de 80% das suas exportações. O desastre que aconteceu no Rana Plaza, um dos piores acidentes industriais do mundo, levou os retalhistas a tomar medidas mais drásticas para proteger os trabalhadores, mas os activistas dizem que o progresso tem sido lento.

O The Bangladesh Accord disse ter resolvido cerca de um terço das reclamações recebidas – desde abusos físicos e assédio sexual, até a horas extras obrigatórias e falta de pagamento de benefícios de maternidade. Os dados mais recentes são divulgados no momento em que o acordo está a lutar para se manter em vigor até 2021, altura em que será substituído por um órgão regulador nacional, tal como foi acordado pelos signatários.

No ano passado, o tribunal ordenou que o acordo fosse encerrado após uma petição apresentada por um fornecedor local de roupas que não concordava com a resolução. A decisão está nas mãos do Supremo Tribunal, que tem uma audiência agendada para o dia 7 de Abril.

“Esta é uma plataforma forte”, disse Kalpona Akter, chefe do sindicado Bangladesh Center for Worker Solidarity. “Com base nos casos que vi, posso dizer que sempre que uma reclamação é sempre resolvida através do acordo, um precedente é definido na fábrica”, disse. 

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