Para um “jogo parecido” com o da Ucrânia, Fernando Santos admite alterações

Três dias depois de empatar na primeira partida da fase de apuramento para o Euro 2020, Portugal volta a jogar no Estádio da Luz, desta vez contra a Sérvia.

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LUSA/RODRIGO ANTUNES

A estreia contra a Ucrânia teve muita posse de bola, muitos remates e quase duas dezenas de cantos, mas acabou como começou: a zero. Três dias depois, o segundo assalto de Portugal na fase de apuramento para o Euro 2020 volta a ter o mesmo palco (Estádio da Luz) e, de acordo com Fernando Santos, a Sérvia, segundo adversário da selecção nacional no Grupo B, é “uma equipa com algumas semelhanças” com a ucraniana. Em teoria, depois de uma estreia em que o resultado não foi favorável, isto poderia significar mudanças tácticas, mas o seleccionador nacional deixou ontem o aviso: se surgirem alterações, será pelo “aspecto físico dos jogadores”.

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Quase quatro anos e meio depois de assumir o comando da selecção portuguesa, o conservadorismo de Fernando Santos já não deve ser uma surpresa para ninguém. O treinador que levou Portugal à vitória no Euro 2016 já mostrou ser adverso a grandes alterações tácticas e mudanças radicais nas escolhas para o “onze”, e hoje, no Estádio da Luz, a receita deverá incluir quase todos os ingredientes utilizados na sexta-feira, contra a Ucrânia. Na antevisão do segundo jogo no Grupo B, o seleccionador português fez uma análise a frio do empate na estreia contra os ucranianos e reconheceu que contra a Sérvia Portugal terá que ser “mais agressivo na acção ofensiva”, “obrigar o adversário a falhar” e “tentar criar mais problemas”. “Se não [o rival] acaba por ficar mais confortável na acção defensiva”, apontou.

O diagnóstico podia fazer prever uma mudança táctica. Ao contrário do que aconteceu nas fases de qualificação para o Euro 2016 e Mundial 2018, nas quais, lembrou Fernando Santos, Portugal em 18 jogos terminou com 16 vitórias, um empate e uma derrota, contra a Ucrânia o técnico português optou por afastar Cristiano Ronaldo do centro da área e, com o capitão muitas vezes descaído para o flanco esquerdo, a competente defesa ucraniana ficou mais confortável, anulando com maior facilidade André Silva. Para além de ter menos Ronaldo na área do que tem sido habitual, o outro grande desequilibrador português (Bernardo Silva) esteve mais amarrado a questões tácticas no flanco direito.

Porém, embora Fernando Santos refira que vai “encontrar situações para melhorar”, o desenho táctico não deverá sofrer grandes mudanças e ontem o seleccionador português referiu que eventuais alterações serão impostas pela condição física dos atletas. “Há jogadores que correm mais durante o jogo e fazem mais jogos”, acrescentou. 

Por isso, uma das possíveis alterações no “onze” português é uma troca a meio-campo, onde João Mário (ou Pizzi) pode ocupar o lugar de João Moutinho — o médio do Wolverhampton leva já 35 jogos nesta época pelo clube inglês. A entrada de João Mário ou Pizzi no “onze”, dois jogadores mais rotinados do que Moutinho a jogar nos flancos, permitiria, em teoria, que Ronaldo se deslocasse mais para o centro.

Um dos factores que faz Fernando Santos ponderar mexidas no “onze” é o “maior período de descanso e recuperação” dos sérvios. A selecção comandada por Mladen Krstajic “jogou dois dias antes e não teve um jogo oficial” e, no ensaio que fez na Alemanha (1-1), mostrou que “é uma equipa com excelente posse de bola”. “Se tiver espaço para jogar cria muitas complicações. É isso que temos que procurar evitar. A expectativa é ter um jogo parecido [com o da Ucrânia], mas com uma equipa que na minha opinião explora de forma mais rápida as situações de transição da defesa para o ataque”, analisou Fernando Santos.

Sem poder contar com jogadores importantes, como Matic, Fejsa e Kolarov, Mladen Krstajic diz que viu um Portugal “de muita qualidade” contra a Ucrânia, mas garantiu que os sérvios não vão entrar “com medo” no Estádio da Luz. “Portugal continua a ser a equipa número um da Europa e tem muita qualidade, mas de jogo para jogo estamos melhores, adaptamo-nos aos adversários e o jogo com a Alemanha tem de ser um modelo do que queremos para o futuro. Precisamos de reduzir as fraquezas ao mínimo e, seja qual for o oponente, queremos fazer o melhor”, disse o antigo defesa central nascido na Bósnia, que se destacou com jogador no Partizan Belgrado, Werder Bremen e Schalke 04.

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