Não houve conluio entre Trump e a Rússia, diz investigação Mueller

Carta do attorney-general diz que se mantém dúvidas sobre se houve obstrução nas acções de Donald Trump. O Presidente reagiu no Twitter: “Completa e total exoneração.”

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Kevin Lamarque/Reuters

Uma carta com as conclusões da investigação do procurador especial Robert Mueller enviada ao Congresso dos Estados Unidos concluiu que não houve conluio entre a campanha de Donald Trump e a Rússia nas eleições presidenciais de 2016. Mas deixa dúvidas quanto a ter havido obstrução à justiça.

“Apesar de este relatório não concluir que o Presidente tenha cometido um crime, também não o exonera”, diz a carta enviada pelo attorney-general, equivalente ao ministro da Justiça, William Barr. 

“A investigação do conselho especial não descobriu que a campanha de Trump ou qualquer pessoa a ela associada tenha conspirado ou coordenado com a Rússia os seus esforços para influenciar as eleições presidenciais americanas de 2016”, diz a carta de quatro páginas. 

Trata-se de um resumo do relatório completo da investigação, em que Barr tira as suas conclusões. Segundo o New York Times, Mueller não foi consultado para a redacção desta carta. 

Apesar das reservas expressas na carta, Donald Trump afirmou que “é uma exoneração completa e total”, falando a jornalistas na Florida, antes de embarcar no Air Force One de regresso a Washington. “É uma pena que o nosso país tenha tido que passar por isto. É uma pena que o vosso Presidente tenha que ter passado por isto”, cita o New York Times.

A primeira reacção de Donald Trump, contudo, tinha sido através do Twitter. “Não houve conluio, não houve obstrução, completa e total exoneração.”

A investigação Mueller ficou concluída no sábado.

Advogado de Trump: “melhor do que esperava”

O advogado do presidente norte-americano, Rudy Giuliani, disse que o relatório foi mais positivo do que previa, com base no sumário divulgado neste domingo. “É melhor do que eu esperava”, afirmou, adiantando que fará um comunicado em breve. 

Barr e o seu número dois, Rod Rosenstein, decidiram que as provas não eram suficientes para uma acusação ao Presidente por obstrução à justiça, diz a CNN. O Departamento de Justiça segue a política de que um Presidente em exercício não deve ser acusado nem responder em tribunal, e Mueller segue o mesmo princípio. No entanto, aponta a jornalista Katie Benner, do New York Times, a conclusão de que o Presidente não deve ser acusado tem base no relatório Mueller e não nesta política do Departamento de Justiça.

Já Nancy Pelosi, líder da Câmara dos Representantes, e Chuck Schumer, líder da minoria do Partido Democrata no Senado, emitiram um comunicado em conjunto onde sublinham a importância da publicação da totalidade do relatório.

“O facto de o relatório do procurador especial Robert Mueller não exonerar o Presidente de uma acusação tão séria quanto a de obstrução à Justiça demonstra a urgência de tornar pública a totalidade do relatório e toda a documentação suplementar, sem qualquer demora”, lê-se no comunicado.

A questão da obstrução, sublinhou ainda a jornalista, deverá agora tornar-se uma questão política, sobretudo para o Partido Democrata já em pré-campanha para as eleições de 2020. A carta diz que se mantêm dúvidas sobre “questões difíceis” sobre “se a conduta e as intenções de Trump podem ser vistas como obstrução”. 

O Partido Democrata defende que a investigação seja divulgada publicamente na sua totalidade.

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