O clube que Goran Pandev criou para os jovens e para o irmão

O internacional macedónio criou a Akademija Pandev na sua terra natal. Em quatro anos subiu à primeira divisão

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Pandev foge a dois adversários na final da Liga dos Campeões, em 2010, que o Inter de Milão venceu Paul Hanna/Reuters

O ano 2010 foi marcante para a vida de Goran Pandev. Foi um ano recheado de troféus ao serviço do Inter de Milão, em que comemorou as conquistas da Liga dos Campeões, Liga italiana, Taça de Itália, Supertaça e ainda do Mundial de clubes. Mas não só: foi também em 2010 que o internacional macedónio lançou, na sua terra natal, um clube que leva o seu nome – e que está muito perto de fazer história. A Akademija Pandev começou como projecto de formação de jovens, posteriormente criou uma equipa de seniores, que trepou quatro divisões em outras tantas épocas, e actualmente segue na vice-liderança do campeonato, para além de estar a um passo da final da Taça.

Strumica, no leste da Macedónia do Norte (perto da fronteira com a Grécia e Bulgária), é a terra que viu nascer Goran Pandev. E foi lá que, no ano mais feliz da carreira, o avançado decidiu criar o seu clube. Não era um plano para a reforma de Goran – que aos 35 anos continua a jogar em Itália, no Génova, e acabou de chegar às 100 internacionalizações pela selecção macedónia – mas sim um projecto pensado para promover jovens talentos. Tanto que o avançado não tem outras responsabilidades na Akademija Pandev para além do financiamento das actividades. “Ele é o dono, mas não tem qualquer cargo no clube, e não está envolvido na gestão. Só dá o dinheiro. Desde o início que colocou pessoas da confiança dele a dirigir o clube para poder concentrar-se na carreira”, explicou ao PÚBLICO o editor do portal MacedonianFootball.com, Filip Zdraveski.

Nesse grupo de pessoas de confiança de Goran Pandev está o irmão Sasko, quatro anos mais novo, e que faz parte do plantel. “Era visto como um grande talento, havia até quem dissesse que ia chegar mais longe do que o Goran. Mas nunca passou de uma promessa”, disse Filip Zdraveski. “Eu diria que está no clube porque é irmão do Goran. Esta época, por exemplo, quando ele joga o ritmo da equipa ressente-se. Actualmente já não é um futebolista que possa ser visto como um exemplo pelos jovens”, analisou o editor do portal MacedonianFootball.com.

O impacto da Akademija Pandev no futebol macedónio foi quase imediato. “Abriram academias um pouco por todo o país, e quem tem uma rede dessa dimensão consegue captar os melhores. Nos primeiros anos só disputaram as competições jovens, mas em 2014-15 lançaram uma equipa sénior, na quarta divisão. Apesar de a equipa ser uma combinação de jogadores sub-21 e juniores, ganharam facilmente o campeonato e subiram”, recordou Filip Zdraveski, acrescentando: “Contrataram alguns futebolistas mais experientes para os jovens terem com quem aprender. Mas continuaram a apresentar metade da equipa formada na academia. Estrearam-se na primeira divisão em 2017-18 e o único problema é serem um clube novo, sem história ou tradição, o que é muito valorizado aqui.”

Mesmo assim, o clube tem feito o seu percurso. Foi sexto classificado na época de estreia no principal escalão e chegou às meias-finais da Taça. E esta época segue na segunda posição, a oito pontos do líder, e tem um pé na final da Taça – venceu a primeira mão da meia-final por 3-1. E, à medida que alcança os objectivos desportivos, vai cumprindo a missão para a qual foi criado: em Junho de 2018 transferiu Jani Atanasov, que aos 17 anos já jogava de início na equipa principal, para o Bursaspor, da Turquia, por cerca de 600 mil euros.

“O objectivo do Goran ao criar o clube era dar oportunidades aos jovens talentos macedónios. Ele quer que outros jogadores sigam o exemplo dele, que nunca teria tido a carreira que teve se tivesse ficado na Macedónia. O campeonato é fraco e os jovens não se desenvolvem a jogar aqui”, lamentou Filip Zdraveski. Ainda assim, a política da Akademija Pandev não é vender à primeira oferta, concluiu: “O Goran Pandev não fundou o clube para ganhar dinheiro, por isso mantém os bons jogadores se não surgir um clube num campeonato mais competitivo.”

Planisférico é uma rubrica semanal sobre histórias de futebol e campeonatos periféricos

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