Durante quanto tempo conseguirias carregar um balde com 19 litros de água?

"Durante quanto tempo conseguirias carregar este balde com 19 litros de água?" Foi este o mote, em jeito de desafio, que lançou a Oxfam numa campanha para assinalar o Dia Mundial da Água, que se celebra esta sexta-feira, 22 de Março. A organização humanitária internacional quis desafiar alguns cidadãos norte-americanos a carregar um balde com cinco galões (quase 19 litros) de água durante o máximo de tempo que conseguissem. 

"Está a ficar um bocadinho pesado", diz uma das participantes depois de caminhar alguns metros com o balde nas mãos. Duas queixam-se que "já lhes doem os braços" e que são "fracas". Tudo isto é mostrado num vídeo realizado pela organização que pretende alertar para o facto de que a água, um bem essencial para a sobrevivência do ser humano, não está ao alcance de mais de 2,1 mil milhões de pessoas.

Em países subdesenvolvidos, "um pouco por todo o mundo, mulheres e crianças carregam por dia uma média de cinco galões de água [quase 19 litros] e caminham 3,7 milhas [quase 6 quilómetros]. Isto é, são 200 milhões de horas por dia para ter água limpa", refere a Oxfam num texto sobre o Dia Mundial da Água. A isto, acresce o facto de que nos países subdesenvolvidos são as mulheres e meninas as responsáveis pelo transporte de água em oito em cada dez habitações onde não existe água por perto.

O lema da Organização das Nações Unidas (ONU) para o Dia Mundial da Água deste ano é "não deixar ninguém para trás" e vai ao encontro do 6.º Objectivo de Desenvolvimento Sustentável, um dos 17 estabelecidos pela ONU em 2015, que visa assegurar o acesso a água potável e saneamento a todos os cidadãos do mundo até 2030. Segundo a ONU, os cidadãos mais marginalizados são frequentemente negligenciados ou discriminados no que toca à disponibilidade de água, sobretudo mulheres, crianças, refugiados, povos indígenas e pessoas com deficiência.

No Iémen, mais de duas mil pessoas, inclusive crianças com menos de cinco anos, já morreram de cólera como resultado do acesso precário à água potável. A Oxfam adianta ainda que desde o início dos conflitos na região "já forneceu ajuda humanitária a mais de três milhões de pessoas", apoiando, por exemplo, "a reparação de sistemas de água e o transporte da mesma para ajudar as pessoas deslocadas e outras comunidades em risco". Já na Síria, a organização diz fornecer água potável a dois milhões de pessoas. "E na República Democrática do Congo começámos a construção de um gasoduto que fornecerá água potável a mais de 80 mil pessoas", garantem. O mesmo problema existe tambem na Somália, onde 2,4 milhões de crianças não têm água potável para beber, como lembrou esta campanha da Unicef.

A Oxfam tem-se dedicado a combater as causas mais profundas da pobreza mundial e isso significa, muitas vezes, tentar resolver o problema do acesso à água potável. "A escassez, má qualidade da água e saneamento inadequado afectam negativamente a segurança alimentar, as escolhas de subsistência e as oportunidades educacionais para famílias pobres em todo o mundo, especialmente para mulheres e meninas que passam horas intermináveis ​​em busca de água e percorrem longas distâncias".