Coreia do Norte abandona gabinete de contacto com a Coreia do Sul

Donald Trump tentou reverter este passo atrás anulando novas sanções porque “não são necesárias” e porque “gosta” de Kim.

O anúncio foi feito pelo vice-ministro sul-coreano da Unificação, Chun Hae-sung
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O anúncio foi feito pelo vice-ministro sul-coreano da Unificação, Chun Hae-sung LUSA/YONHAP
O edifício em Kaesong onde os representantes dos dois lados se reúnem
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O edifício em Kaesong onde os representantes dos dois lados se reúnem LUSA/KOREA POOL

A mais recente aproximação entre as duas Coreias, e entre a Coreia do Norte e os EUA, sofreu esta sexta-feira um revés com o anúncio de que o regime de Kim Jong-un vai retirar os seus representantes de um gabinete de ligação na fronteira.

Este ponto de contacto entre a Coreia do Norte e a Coreia do Sul foi estabelecido no ano passado na cidade norte-coreana de Kaesong, na fronteira entre os dois países, e contava com a participação de 20 representantes de cada lado.

A criação deste gabinete foi o exemplo mais concreto da aproximação do último ano entre as duas Coreias – os dois lados não mantinham um contacto regular desde a Guerra da Coreia, entre 1950 e 1953.

Esta sexta-feira, a equipa norte-coreana transmitiu ao Sul que tinha “instruções de cima” para abandonar o gabinete de ligação até ao fim do dia, disse o vice-ministro sul-coreano da Unificação, Chun Hae-sung, em conferência de imprensa.

O anúncio de que a Coreia do Norte vai abandonar as reuniões na fronteira surge quase um mês depois do fracasso da segunda cimeira entre o líder norte-coreano, Kim Jong-un, e o Presidente dos EUA, Donald Trump.

Esse encontro, marcado para 27 e 28 de Fevereiro, no Vietname, foi encurtado de forma abrupta porque os dois líderes não conseguiram ultrapassar as divergências em relação às sanções económicas.

Segundo Trump, Kim exigiu que os EUA levantassem todas as sanções à Coreia do Norte antes de se começar a discutir o processo de desnuclearização; o vice-ministro dos Negócios Estrangeiros da Coreia do Norte, Choe Son-hui, disse que o seu país exigiu apenas o levantamento de cinco sanções económicas e que os EUA “perderam uma oportunidade de ouro”.

Depois disso, as duas Coreias não voltaram a encontrar-se, num duro golpe para os esforços de aproximação do Presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

A decisão norte-coreana de abandonar o gabinete de contacto seguiu-se ao anúncio de novas sanções dos EUA, na quinta-feira — as primeiras desde o fracasso da segunda cimeira entre Kim e Trump.

A Casa Branca acrescentou duas empresas navais chinesas à lista de organizações que, segundo Washington, ajudaram a Coreia do Norte a minimizar o impacto das sanções.

Mas ontem Trump deu ordem para anular as novas sanções por considerar que “não são necessárias” e porque “gosta” de Kim, explicou a porta-voz da Casa Branca Sarah Sanders . 

A Coreia do Sul esperava que a sua aproximação à Coreia do Norte fosse suficientemente forte para não ser afectada por problemas nas relações entre Kim Jong-un e os EUA — resta saber se o recuo de Trump vai remediar a situação. 

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