A defesa do título começa agora

Campeão europeu em título, Portugal inicia frente à Ucrânia a qualificação para o Euro 2020. Cristiano Ronaldo está de volta e Fernando Santos admite que seria “uma desilusão” não ganhar

Foto
Fernando Santos, o treinador campeão europeu, assume o favoritismo português frente ao primeiro adversário da campanha para o Euro 2020 LUSA/MIGUEL A. LOPES

A contagem decrescente para o Euro 2020 iniciou-se assim que terminou a final do Euro 2016, em Paris, com o triunfo da selecção portuguesa sobre a anfitriã França. Estava então ainda muito distante no horizonte, mas agora a evidência de que está quase aí uma nova edição do Campeonato da Europa já não pode ser ignorada: arrancaram as qualificações para 2020, e começa verdadeiramente para Portugal a defesa do título conquistado a 10 de Julho de 2016 na capital francesa. A equipa nacional inicia esta noite, frente à Ucrânia (19h45, RTP1), no Estádio da Luz, a caminhada para o torneio que a UEFA distribuiu por 12 cidades.

Na qualidade de campeã europeia em título, a selecção disputou 35 jogos, incluindo a qualificação e a fase final do Mundial 2018, a participação inédita na Taça das Confederações, a edição inaugural da Liga das Nações, e uma dúzia de jogos particulares. Sofreu apenas quatro derrotas – incluindo com o Uruguai, nos oitavos-de-final do Campeonato do Mundo na Rússia, e frente à Suíça, no arranque da qualificação para esse mesmo Mundial – tendo registado dez empates e 21 vitórias.

PÚBLICO -
Aumentar

A primeira partida da selecção portuguesa em 2019 será também a primeira partida de Cristiano Ronaldo pela equipa nacional, após quase nove meses de ausência. O madeirense falhou os encontros disputados depois do Mundial 2018, mas voltou às opções de Fernando Santos numa convocatória em que houve surpresas no ataque: João Félix e Dyego Sousa estrearam-se e são dois dos candidatos a cumprir esta noite a primeira internacionalização (tal como José Sá e Diogo Jota).

A entrada em falso na qualificação para o Mundial 2018 ainda está presente na memória, e Fernando Santos admitiu que seria “uma desilusão” não ganhar esta noite à Ucrânia. “Acredito que vamos vencer. Não tenho vergonha em assumir Portugal como favorito, jogando em casa. Mas uma coisa é ser favorito e outra é não saber que, do lado de lá, também está uma equipa candidata a ganhar o jogo”, sublinhou o técnico.

A história dos Europeus justifica as cautelas. Se o futebol tivesse uma componente matemática, as aspirações de Portugal à revalidação do título de campeão europeu estariam praticamente condenadas à partida. Em 15 edições houve dez vencedores diferentes (ou 11, se descontarmos à Alemanha os troféus obtidos pela RFA) e apenas uma selecção conseguiu defender com sucesso o título: a Espanha conquistou-o em 2008 e manteve-o em 2012.

A ressaca dos campeões tem vindo a atenuar-se e um triunfo a abrir a qualificação seguinte à conquista do troféu tem sido a regra nos últimos anos. É necessário recuar duas décadas para encontrar um caso diferente: a Alemanha campeã em 1996 iniciou a qualificação seguinte a perder frente à Turquia, mas mesmo assim conseguiria ser primeira no grupo e qualificar-se. Porém, seria eliminada logo na fase de grupos do Euro 2000. Mas um início vitorioso não garante nada, porque a Grécia campeã de 2004 começou a caminhada para o Euro 2008 a ganhar, mas cairia logo na fase de grupos do torneio organizado pela Suíça e Áustria – e com três derrotas.

Apenas em três ocasiões o campeão europeu em título não garantiu um lugar na fase final do torneio seguinte. O exemplo mais recente remonta a 1988, com a França a iniciar a qualificação com um 0-0 na Islândia. Os “bleus” venceriam apenas um dos oito jogos do apuramento, terminando em terceiro lugar e sem possibilidades de defender o título conquistado quatro anos antes. As outras duas ausências do campeão aconteceram nas edições de 1972 e 1968, quando o formato do torneio era diferente (oito grupos, com os primeiros de cada grupo a enfrentarem-se num play-off para apurar os quatro finalistas).

Actualmente o apuramento está mais facilitado: o Europeu foi alargado a 24 selecções e os dois primeiros de cada um dos dez grupos qualificam-se directamente (na qualificação para o Euro 2016 havia nove grupos, apuravam-se os dois primeiros e o melhor terceiro classificado, com os restantes oito a disputarem quatro vagas no play-off). E, mesmo que tudo corra pelo pior, ainda é possível o apuramento via Liga das Nações, que tem quatro vagas para atribuir às equipas mais bem classificadas que falhem na qualificação.

Num grupo onde estão, para além da Ucrânia, a Sérvia, Lituânia e Luxemburgo, não é expectável que Portugal tenha grandes problemas, apesar de Fernando Santos ter dramatizado na antevisão da partida desta noite: “Os dois grandes adversários de Portugal são a Ucrânia e a Sérvia, mas não podemos esquecer-nos de Luxemburgo e Lituânia. Muitas vezes é nesses jogos que as coisas correm menos bem. Ucrânia e Sérvia são dois adversários fortíssimos.”

Sugerir correcção
Comentar