Nova Zelândia vai proibir armas de estilo militar a partir de Abril

Proposta do Governo conta com o apoio do maior partido da oposição. Medida surge na sequência do ataque terrorista em duas mesquitas do país.

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A primeira-ministra, Jacinda Ardern (à esq.), em visita a uma das mesquitas de Christchurch Reuters/EDGAR SU

A Nova Zelândia vai proibir a venda de armas semiautomáticas de estilo militar a partir de Abril, na sequência do atentado terrorista em Christchurch, em que um supremacista branco matou 50 pessoas em duas mesquitas.

Logo após após o tiroteio de sexta-feira, a primeira-ministra, Jacinda Ardern, classificou o ataque como terrorismo e disse que as leis de armas da Nova Zelândia iram mudar.

“No dia 15 de Março, a nossa história mudou para sempre. Agora, as nossas leis também vão mudar. Em nome de todos os neozelandeses, anunciamos o fortalecimento das nossas leis de armas para tornarmos o nosso país num lugar mais seguro”, disse Ardern em conferência de imprensa.

“Todas as armas semiautomáticas usadas durante o ataque terrorista de sexta-feira, 15 de Março, serão proibidas.”

Ardern disse esperar que as novas leis entrem em vigor a 11 de Abril, e que o país aprove um programa de até 138 milhões de dólares (121 milhões de euros) para a compra das armas que vão passar a estar proibidas.

Vão ser proibidas todas as armas semiautomáticas de estilo militar e as espingardas de assalto, juntamente com as peças usadas para converter outros modelos em armas semiautomáticas, bem como os carregadores de alta capacidade.

Em 1996, a Austrália proibiu as armas semiautomáticas e lançou um programa de recompra de armas após o massacre em Port Arthur, no qual 35 pessoas foram mortas.

Ardern disse que a nova lei permitirá isenções para agricultores, para controlo de pragas e bem-estar animal, à semelhança do que acontece na Austrália.

“Acredito firmemente que a grande maioria dos legítimos proprietários de armas na Nova Zelândia entenderá que estas medidas são de interesse nacional”, disse a primeira-ministra do país.

A Nova Zelândia, um país com menos de cinco milhões de habitantes, tem cerca de 1,5 milhões de armas de fogo, das quais 13.500 são do tipo das que foram usadas pelo atirador em Christchurch.

A maioria dos agricultores tem armas, e a caça de veados, porcos e cabras é muito popular, tal como os clubes de tiro um pouco por todo o país.

Esta realidade criou um poderoso lobby que frustrou tentativas anteriores de apertar as leis das armas.

A Federated Farmers, que representa milhares de agricultores, já disse que apoia a nova lei. “Não será popular entre alguns de nossos membros, mas nós acreditamos que esta é a única solução viável”, disse em comunicado um porta-voz do grupo, Miles Anderson.

O principal partido da oposição, que atrai forte apoio nas áreas rurais, disse que também apoia a proibição.

As mudanças excluem duas classes gerais de armas de fogo usadas para caça e controlo de pragas.

“Eu tenho uma arma de estilo militar. Mas, para ser justo, não preciso dela”, disse Noel Womersley, que abate gado para pequenos agricultores em redor de Christchurch.

A primeira-ministra da Nova Zelândia disse que o registo e o licenciamento de armas de fogo também vão ser reformados.

Nada Tawfeek, cujo sogro, Hussein Moustafa, foi morto no ataque da semana passada, também saudou a proibição. “É uma óptima resposta. Acho que outros países precisam de aprender com ela”, disse Tawfeek, referindo-se à primeira-ministra, Jacinda Ardern.

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