Moradores de Azeméis assinam petição contra mau cheiro e descargas de pocilga

A dinamizadora da petição, que já reuniu mais de 500 assinaturas, acusa a agro-pecuária de realizar descargas de esgotos que desaguam directamente no rio da região. O proprietário da pocilga nega.

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LM MIGUEL MANSO

Uma petição promovida em Macinhata da Seixa reúne já mais de 500 assinaturas, exigindo o fim dos maus odores e descargas poluentes emitidos por uma exploração agro-pecuária nessa freguesia de Oliveira de Azeméis, revelou esta quinta-feira a porta-voz dos subscritores.

Segundo Ana Paula Tavares, que é a dinamizadora da petição “a título pessoal”, e assume ser parte integrante do Executivo da Junta de Freguesia local, em causa estão as críticas à Bigue Pigue - Sociedade Agro-pecuária de Macinhata da Seixa Lda., que já aí “existe há mais de 30 anos e sempre causou maus cheiros, mas nunca como agora”.

A porta-voz do abaixo-assinado, disponível apenas em papel, explica: “A pocilga sempre causou mau cheiro, mas antes era só de vez em quando, cerca de uma vez por semana, e lá íamos aguentando. De há dois anos para cá é que passou a ser todos os dias, não necessariamente de manhã à noite, mas com frequência constante e ainda mais intensidade”. 

Consoante a direcção do vento, a situação provocada pelos 1.900 porcos dessa unidade agro-pecuária tem vindo assim a afectar desde habitações localizadas “a uma dezena de metros da exploração”, como casas situadas “a um ou dois quilómetros”, e até a comunidade residente em freguesias limítrofes “como Travanca e Ul”.

Além da poluição olfactiva, Ana Paula Tavares também acusa a Bigue Pigue de realizar “descargas de esgotos numa linha de água” que, correndo nas proximidades da exploração, acaba por desaguar no rio Ínsua e deixa assim “um rasto de poluição atrás, todo ele a céu aberto”.

Para o presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Joaquim Jorge Ferreira, “este é um problema que tem que ser analisado” e, nesse sentido, está prevista para a próxima semana uma inspecção à referida unidade agro-pecuária, com técnicos da autarquia, da Unidade de Saúde Pública local, da Autoridade para as Condições do Trabalho e da Agência Portuguesa do Ambiente - à qual caberá representar também a Administração Regional Hidrográfica do Centro.

“Caberá a estas entidades averiguar se todos os requisitos exigidos por lei estão a ser cumpridos e, mesmo que estejam, definir que medidas devem ser adoptadas para garantir qualidade de vida à população da zona”, declara o autarca.

Contactado pela Lusa, o proprietário da Bigue Pigue, Juvenal Petiz, diz que nada se alterou na actividade da exploração para justificar que a sua vizinhança apresente agora mais queixas e afirma: “Não tenho explicação para isso”.

O empresário rejeita quaisquer responsabilidades por efluentes encaminhados para linhas de água, mas admite proceder a “descargas de esgotos nuns terrenos próximos”, para o que diz possuir autorização dos devidos proprietários, que assim “ficam com estrume para a sementeira de milho”.

Afirmando dar emprego a duas pessoas numa unidade em que “está tudo automatizado”, Juvenal Petiz diz-se disponível para implementar medidas que minimizem os maus odores e apela: “se alguém souber como mudar isto para melhor, que me diga, que eu tento fazê-lo”.

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