PSD-Açores decide não fazer campanha e assegura que partido “não começa nem acaba com Rui Rio”

Mota Amaral escreveu artigo sobre a sua saída da lista às eleições europeias e estrutura açoriana do PSD avisou que não participará em acções de campanha.

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RUI GAUDENCIO (arquivo)

O PSD-Açores vai ficar de fora da campanha eleitoral para as próximas europeias, em resposta ao lugar que a direcção nacional do partido reservou ao candidato indicado por Ponta Delgada para o Parlamento Europeu: Mota Amaral.

O líder dos sociais-democratas açorianos, Alexandre Gaudêncio, já tinha avisado que o partido estava a equacionar não fazer campanha, depois de ver João Mota Amaral no oitavo lugar da lista, bem fora das posições teoricamente elegíveis. A confirmação foi feita ontem pela Comissão Permanente do PSD-Açores, que não poupou o líder nacional do partido.

“O PSD não começa nem acaba com o dr. Rui Rio. A defesa da nossa região não começa nem acaba nas eleições europeias”, disse a secretária-geral do PSD-Açores, Sabrina Furtado, no final da reunião da comissão permanente, apelando aos militantes que vão na mesma votar.

Garantindo que o PSD-Açores não se intimida com eventuais processos disciplinares a Alexandre Gaudêncio, como tem sido falado, Sabrina Furtado diz que, em Outubro, o partido vai estar empenhado em eleger deputados para a Assembleia da República.

“Ao contrário das europeias, nas eleições legislativas nacionais os Açores têm um círculo eleitoral próprio, com representantes escolhidos por nós e não indicados por Lisboa ou Porto”, ressalvou, dizendo que o PSD-Açores está a preparar uma proposta de criação de um círculo eleitoral dos Açores ao Parlamento Europeu. “Para que, no futuro, nenhuma estrutura — de qualquer partido — nesta região tenha de andar com a mão estendida à boa vontade de Lisboa ou Porto”, disse a secretária-geral.

No mesmo dia, Mota Amaral rompeu o silêncio sobre o assunto para dizer que a “credibilidade política” de Rio nos Açores ficou “debilitada”. “O presidente do PSD, quando se deslocou aos Açores, na fase de campanha para as eleições internas para a liderança, expressamente respondeu, em sessão pública, que manteria a tradição de haver um candidato dos Açores em posição elegível na lista para o Parlamento Europeu”, escreve o histórico dirigente social-democrata, num artigo de opinião publicado no Diário dos Açores, para concluir: “A sua credibilidade política fica assim debilitada perante os militantes, simpatizantes e potenciais eleitores do PSD” nos Açores.

Com o título “Uma candidatura que afinal não foi”, o também ex-presidente do governo regional açoriano, percorre os bastidores da indicação pelo PSD-Açores — “nunca fiz qualquer diligência para ser candidato” —, admitindo que chegou a entusiasmar-se com a ideia de poder deixar a “própria marca” em Bruxelas. Mas, conta, cedo percebeu que a candidatura estava a provocar embaraço aos dirigentes nacionais do partido.

“A realidade é que o número de lugares elegíveis pelo PSD, a acreditar nas sondagens disponíveis, não vai além de seis e os interessados são mais do que muitos”, acusou.

Questionado, em Belém, sobre o artigo de opinião de Mota Amaral, o líder do PSD tentou pôr uma pedra sobre o assunto. “Tive oportunidade de ler o artigo, continua inalterado o meu respeito pelo dr. Mota Amaral, mas há um momento em que tenho de pôr um ponto final nisto. Vou deixar de fazer comentários sobre esta questão, é um assunto encerrado”. com Leonete Botelho

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