Os sem nome

Não há maneira certa de reagir a tragédias como esta mas Jacinda Ardern conseguiu reagir com dignidade e respeito pelos muçulmanos da Nova Zelândia.

Jacinda Ardern teve razão quando jurou jamais dizer o nome do terrorista australiano que matou tantas pessoas em Christchurch.

Ele fez questão de assinalar os nomes dos assassinos que ele admira. Teria sido melhor que não se conhecessem. Ardern notou que uma das coisas que esta escória mais procura é a notoriedade. Querem tornar-se conhecidos - e tornam-se conhecidos. Depois copiam-se e citam-se uns aos outros.

Os noruegueses procederam muito bem com o massacrador de 2011 que este massacrador copiou. Trataram-no como um assassino e impediram-no de se exibir como guerreiro, lutador político, mártir ou vítima, como ele queria. Ficou danado com a monotonia a que foi - e está - condenado.

Foi pena não o terem tornado anónimo também. Deveria ter perdido o direito ao nome e à imagem. Parte do castigo de um massacrador deveria ser a garantia de anonimato.

Claro que não saber o nome não impede ninguém de procurar “terrorista australiano” ou “assassino Nova Zelândia” para saber o que se escreveu sobre ele. Jack o estripador não é menos conhecido por não se saber quem foi. Mas é uma censura simbólica. Sabe bem poder dizer isto sem ter de ir ver o nome do homem e ter de escrevê-lo aqui.

Não há maneira certa de reagir a tragédias como esta mas Jacinda Ardern conseguiu reagir com dignidade e respeito pelos muçulmanos da Nova Zelândia.

Pouco a pouco vamos sabendo os nomes e as histórias das vítimas e das famílias delas - a começar por aquelas que conseguiram impedir que o massacre fosse ainda mais trágico.

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