Volvo abre arquivo de 40 anos de pesquisa sobre acidentes

Fabricante sueco partilha online mais de 100 artigos de investigação sobre segurança rodoviária. A ideia é envolver mais gente no objectivo de reduzir ou eliminar mortes nas estradas.

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Os estudos da Volvo envolveram 43 mil carros acidentados e mais de 70 mil pessoas REUTERS/Michael Dalder/Arquivo

A Volvo abriu nesta quarta-feira um arquivo com mais de uma centena de artigos de investigação sobre segurança rodoviária. O fabricante sueco, controlado por capitais chineses desde 2010, revelou em Gotemburgo que “quer partilhar toda a informação recolhida ao longo de 40 anos de investigação com toda a indústria automóvel”, argumentando que o faz “a bem da segurança nas estradas, independentemente da marca que cada um escolher”. A marca baptizou esta iniciativa com o nome Equal Vehicles for All.

O arquivo já se encontra online, disponível a qualquer pessoa. Está organizado por décadas, abarcando o período que vai de 1970 até 2018. O paper mais antigo é um relatório da marca, apresentado em 1973, numa conferência no Japão, sobre os progressos feitos no desenvolvimento e aplicação de um sistema de airbags, que tinha sido inventado nos EUA, cinco anos antes dessa conferência. A patente do primeiro sistema electromecânico de segurança, comum na indústria actual, seria pedida pelos inventores (Allen Breed e Geoffrey L. Mahon) em 1989.

Já o artigo mais recente disponível nesse arquivo é de Dezembro de 2018, sobre o uso de um tipo específico de dummy (boneco) em testes de segurança em caso de acidentes. 

A abertura deste arquivo, diz a marca sueca, “está em linha com o compromisso de segurança que faz parte da filosofia da Volvo”. E surge no ano em que uma das principais invenções da segurança automóvel comemora 60 anos – o cinto de segurança de três pontos. A Volvo foi o primeiro fabricante a introduzir este sistema de retenção como equipamento de série em todos os carros, em 1959 (começou pelo mercado sueco).

Seis décadas depois, a empresa persegue uma meta ambiciosa – evitar que alguém morra nos carros da Volvo, uma promessa que consta do programa Volvo 2020 Safety Vision –, mas olha também para outras vertentes que, segundo o fabricante, têm sido descuradas. Um exemplo: as diferenças físicas entre homens e mulheres e as implicações que elas têm em termos de segurança dos condutores. 

“Em 2019, a maioria dos fabricantes de carros produzem veículos exclusivamente baseados em dados referentes a crash test dummies que simulam homens. Por causa disso, as mulheres correm um risco mais elevado de sofrer ferimentos do que os homens em caso de acidente na estrada”, garante a empresa. Isto porque “as diferenças entre o ‘homem padrão’ e uma mulher a nível anatómico e muscular são muito significativas e fazem com que, por exemplo, nas mulheres o ‘efeito chicote’ seja sentido com outra intensidade, provocando lesões cervicais graves”.

“Temos informação de dezenas de milhares de acidentes rodoviários recolhidos em ambiente real, que nos tem ajudado a melhorar os nossos automóveis tornando-os o mais seguros possível. Isto significa que estes são fabricados para proteger todas as pessoas, independentemente do seu género, altura ou peso, muito para além do “homem padrão” representado pelos crash test dummies tradicionais”, sublinha Lotta Jakobsson, responsável técnico sénior do Centro de Segurança deste fabricante.

Além da disponibilização deste arquivo, a empresa anunciou também duas novidades tecnológicas aplicadas à segurança, que vão chegar no próximo ano: o Volvo Care Key, que permite limitar a velocidade dos carros para o proprietário ou qualquer pessoa encarregada da condução; e um sistema de câmara e sensores que “vigiam” o condutor e permitem ao carro actuar sozinho sempre que que haja sinais de intoxicação, cansaço ou distracção por parte do condutor ou da condutora.

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