As papoilas floresceram, os instagrammers chegaram, foi o “apocalipse” em Lake Elsinore

Cidade da Califórnia obrigada a plano de contenção. Dezenas de milhares de visitantes invadiram os campos, ansiosos por fotografarem o espectáculo das flores. Chamam-lhe #poppyapocaypse

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Lucy Nicholson/Reuters
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Poppy apocalypse” é a florida expressão que residentes escolheram para resumir o que sucedeu na pequena cidade de Lake Elsinore, na Califórnia, EUA, após a notícia e a divulgação das primeiras e belíssimas imagens do espectáculo das papoilas em flor, uma superfloração que permite um show cromático extraordinário. Ou seja, um íman para atrair visitantes, grande parte deles com dedo rápido no gatilho da câmara de telemóvel e máquina fotográfica. E, claro, grande parte deles desejosos de encher o seu Instagram e redes sociais de papoilas.

O “apocalipse das papoilas” foi particularmente forte em Lake Elsinore, relata a agência Reuters, referindo a chegada de “dezenas de milhares de pessoas” ao vale para verem este superbloom. E isto porque, nos finais de Fevereiro, tornaram-se virais as primeiras fotos do acontecimento, atraindo multidões ao local. Lake Elsinore tem cerca de 63 mil habitantes e as estimativas da cidade apontavam para a chegada de cerca de 50 mil turistas nestes dias. A AP adiantava entretanto que o número já teria chegado aos 150 mil e que o cenário incluía a estrada tornada parque de estacionamento e gente a desmaiar no local.

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A explosão laranja e avermelhada das papoilas ocorre no desértico Walker Canyon, nas montanhas Temescal, localizadas no sul da Califórnia, muito graças às chuvadas acima da média nesta região árida. A zona, que fica a uns 112 km de Los Angeles, é acessível através de um percurso pedestre (de pouco mais de 5,5 km) e há estacionamento próximo. Ao primeiro alerta de superbloom, as estradas em volta ficaram “extremamente congestionadas”, lê-se no site da cidade. “Incentivamos firmemente os residentes a evitarem a área e usarem vias alternativas”, avisava-se.

As autoridades fecharam mesmo o percurso pedestre por um dia, considerando a situação uma crise de segurança pública. O percurso foi reaberto na segunda-feira, mas foi condicionado o parque de estacionamento e retirados os shuttles, que tinham sido colocados precisamente para facilitar a circulação de visitantes. No fim-de-semana, às 5h30 da manhã, já se registavam filas para o autocarro (tempo de espera: 2h).

O “espectáculo” este ano é “substancialmente maior do que alguma vez vimos, tanto em número de flores como de visitantes”, disse a porta-voz da autarquia local, Nicole Dailey, referindo que a cidade não está habituada a estas “multidões à Los Angeles”. Ou “à Disneylândia”, lê-se noutros comentários.

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Segundo adianta a Reuters, a popularidade do destino neste momento deve muito ao Instagram (só as hashtags #superbloom ou #superbloom2019 já tinham sido usadas quase 120 mil vezes). 

Mas não são só os fãs do evento a recorrerem às redes. Os residentes, manifestando a sua irritação e críticas, vingam-se do “apocalipse” das papoilas com as hashtags #PoppyApocalypse ou #PoppyNightmare.

A “crise” já teve algumas vítimas, se bem que ligeiras: de um turista que caiu a tentar fotografar na encosta (má ideia) a um funcionário da cidade que foi atropelado por um condutor que se pôs em fuga. 

Não será em vão que num post no Facebook oficial da cidade, publicado esta terça-feira à tarde, se lembra que “Lake Elsinore não é o único destino para sentir a beleza da Califórnia nesta Primavera”. E sugere-se: “Espreite estes outros destinos” (segue-se um link da NBC com as recomendações).

Enquanto não termina o superbloom, há duas previsões. Na primeira, as coisas vão melhorar: espera-se chuva no fim-de-semana, o que deve afastar alguns visitantes. Na segunda, as coisas só podem piorar: a chuva em dose certa levará ao desabrochar de mais flores, logo ao desabrochar de mais visitantes. Não perca as cenas dos próximos capítulos. No Instagram.

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