Alemanha vai permitir tecnologia chinesa 5G apesar de alertas dos EUA

Governo alemão quer arrecadar entre três e cinco mil milhões de euros com leilões da quinta geração móvel. A digitalização de escolas será um dos usos a dar ao dinheiro das novas licenças.

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A fabricante chinesa Huawei está no centro da polémica entre os Estados Unidos e a China Reuters/THOMAS PETER

A Alemanha começou a leiloar frequências para a futura rede de telecomunicações 5G, sem excluir fabricantes chineses, apesar dos apelos de Washington, que alerta para riscos de espionagem.

A fabricante chinesa Huawei, que é líder na tecnologia neste sector, não pode concorrer directamente aos 42 blocos de frequências leiloadas a partir desta terça-feira, mas fornece equipamentos às operadoras alemãs, apesar dos apelos do Governo dos EUA para que os Estados europeus não permitam a concorrência chinesa, alegando razões de segurança e de violação de direitos de patentes.

O Governo norte-americano tem feito apelos para que os seus aliados impeçam as empresas chinesas, em particular a Huawei, de fornecer tecnologia para as redes 5G, considerando que elas são potenciais meios de espionagem industrial e que violam regras de direitos de patentes. A Austrália, o Japão e a Nova Zelândia já excluíram empresas chinesas de concursos tecnológicos, por essas razões.

“A Huawei é um fornecedor importante, já presente nas nossas redes anteriores, e seria difícil excluí-la. Não é o que pretendemos”, afirmou Jochen Homman, presidente da Agência Federal de Redes, numa entrevista a uma estação de televisão.

A Agência Federal de Redes supervisiona o leilão iniciado esta terça-feira, que deve durar várias semanas e que permitirá ao Governo alemão arrecadar entre três e cinco mil milhões de euros – dinheiro que deverá ser investido em programas de digitalização de escolas.

A Huawei tornou-se, nos últimos anos, líder na tecnologia de redes 5G e vários Governos já disseram que não se podem dar ao luxo de dispensar os seus serviços e o seu know-how. Mas os Estados Unidos têm insistido junto de países europeus, sobretudo da Alemanha, para que deixe a Huawei de fora de concursos.

O Presidente dos EUA, Donald Trump, tem criticado a Alemanha pela sua política comercial, quer na relação com a China, na área tecnológica, quer com a Rússia, no sector energético.

O embaixador dos EUA na Alemanha enviou recentemente uma carta ao ministro alemão da Economia, Peter Altmaier, deixando a ameaça de rever os protocolos de partilha de informações entre os dois países se a Alemanha não proibisse empresas chinesas de entrar no mercado de telecomunicações.

O tom das ameaças norte-americanas subiu de tom na semana passada, quando o comandante supremo das forças aliadas na Europa, o general Curtis Scaparrotti, disse que a NATO deixaria de se comunicar com as forças armadas alemãs se Berlim permitisse a intromissão tecnológica de empresas chinesas como a Huawei.

“Estamos preocupados com a possibilidade de a estrutura das suas telecomunicações estar comprometida, porque, particularmente com o 5G, a capacidade de extrair dados das redes é muito elevada”, disse Scaparrotti.

O ministro do Interior da Alemanha, Horst Seehofer, já respondeu e disse que não há relações tecnológicas com a China e que está a ser preparada uma lei para limitar a participação de empresas chinesas em áreas consideradas estratégicas.
 

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