Até quando iremos poder conduzir os nossos carros?

Com o avanço da tecnologia e da inteligência artificial, num futuro próximo seremos apenas passageiros num veículo automóvel.

Os veículos autónomos e de piloto automático são uma realidade há já alguns anos. Diversos fabricantes de automóveis como a Mercedes, Nissan, Tesla e a Toyota já apresentaram veículos completamente autónomos.

Especialistas na área da indústria automóvel estimam, que no início da próxima década, todos os principais fabricantes irão ter um veículo de piloto automático no mercado. A Toyota apresentou no ano de 2018 uma solução completamente disruptiva neste mercado, o e-Palette. Este veículo autónomo, que é mais do que um simples automóvel, permite executar diferentes tarefas, e é uma primeira abordagem a um veículo autónomo para transporte de mercadorias e para apoiar diferentes tipos de serviços na área da logística, distribuição e transporte de passageiros.

Na atualidade, já circulam nas estradas portuguesas, carros que podem ser conduzidos de forma completamente autónoma. Os diferentes modelos da fabricante norte-americana Tesla, são atualmente vendidos com essa capacidade, pelo que sem sabermos, já partilhamos a estrada com veículos que estão a ser conduzidos por uma máquina computorizada.

Até 2030 iremos assistir ao início da transformação do transporte, para veículos autónomos, sem volante nem condutor. A mudança começará nos centros das cidades, onde apenas será possível que circulem veículos para transporte de passageiros, como táxis e autocarros completamente autónomos. Vários parâmetros, como os percursos, locais de paragem, entrada e saída de passageiros, duração das viagens e a velocidade máxima dos veículos, poderão ser controlados centralmente, e alterados de acordo com as necessidades e afluxo de pessoas dentro das diferentes zonas urbanas.

As cidades irão sofrer uma notável transformação no que concerne à circulação de viaturas. Com a significativa redução de veículos que circularão nos centros das cidades, e com a facilidade com que se poderão estacionar estes veículos em parques automóveis, também eles completamente automatizados, a arquitetura urbana mudará por completo.

As ruas não necessitarão de locais para estacionamento, sinalização de trânsito, semáforos, e todos os outros instrumentos que regulam o trânsito urbano. Esta regulação será feita através de sistemas de trânsito inteligentes centralizados, com que os veículos comunicarão, para além da comunicação que será feita entre viaturas. Os ambientes urbanos serão mais amigáveis para as pessoas, com mais espaços livres, menos poluição atmosférica, visual e sonora.

Aos poucos, iremos ser impedidos de conduzir viaturas. Para além de cometermos erros, que os veículos autónomos (quase) não o farão, a condução dos veículos não estará sujeita a fatores imprevisíveis de natureza humana. Numa primeira fase, essa proibição será apenas aplicada nas cidades, mas a longo prazo, não poderemos, provavelmente, conduzir um veículo em qualquer estrada pública. O paradigma dos transportes mudará por completo, e, à medida que estas tecnologias evoluírem, a sinistralidade rodoviária irá também gradualmente ser reduzida, até ao ponto em que será apenas residual.

Desafios do novo paradigma automóvel 
Todas estas alterações, irão naturalmente, criar um conjunto de novos desafios. A segurança e a privacidade dos dados dos passageiros e dos seus trajetos, a pirataria e a segurança dos sistemas, bem como problemas éticos relacionados com o comportamento dos algoritmos de condução autónoma em situações de perigo de colisão ou atropelamento, surgirão durante esta mudança.

E, o que iremos fazer dentro de um carro, quando já não o tivermos de o conduzir? Esta pergunta já foi feita por vários fabricantes automóveis, que já começam a redesenhar os interiores automóveis, preparando-os para a altura em que o volante, os pedais e as manetes das mudanças não serão necessários. Protótipos e concept cars foram já desenvolvidos, onde o espaço interior de um automóvel, será organizado de forma completamente diferente, onde poderemos trabalhar, ter uma reunião, relaxar, ou mesmo dormir, enquanto somos conduzidos comodamente para o nosso destino.

A propriedade de um automóvel também será algo que irá desaparecer gradualmente. Com veículos que nos conduzirão de forma autónoma, não teremos a necessidade de possuir um automóvel. Novos modelos de negócios emergirão na área dos transportes, permitindo a utilização dos carros à medida das nossas necessidades, que estarão disponíveis por pedido, otimizando as deslocações, com durações de trajetos bem controlados e definidos.

Mas, não se aflija caro leitor, não irá viver dentro de um filme de ficção científica. Esta transição, será tão natural como a que ocorreu de uma televisão monocromática, há pouco mais de 30 anos, para o que temos hoje em dia, num pequeno dispositivo com a espessura de escassos milímetros no nosso bolso. Algo, que parece utópico, vai transformar-se lentamente em realidade, entrando no nosso quotidiano diário de forma natural, tal como a tecnologia o tem feito nas últimas décadas.

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