Dezassete cães “drogados e largados” no concelho de Loures

Os cães foram avistados em diferentes pontos da cidade, a diferentes horas, mas apresentavam os mesmos sintomas: tonturas, fraqueza e a cambalear.

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ADRIANO MIRANDA

Vários cães foram alegadamente “drogados e largados” no concelho de Loures, no distrito de Lisboa, disse esta segunda-feira a presidente da associação de defesa dos animais ‘Chão dos Bichos’, Ana Sousa.

Segundo a responsável, que acolheu cinco dos 17 animais na associação e lhes prestou cuidados até que estabilizassem, "os cães foram largados no Bairro de Santo António, na freguesia de Camarate, Unhos e Apelação, e na Quinta do Mocho, na freguesia de Sacavém e Prior Velho”.

A presidente da associação explicou ao PÚBLICO que em causa estão “cães de uma matilha do bairro de São Francisco que apareceram tontos e a cambalear na última sexta-feira”, sendo que outros chegaram até a “dormir o dia todo”.

Um primeiro grupo de nove cães (oito machos e uma fêmea) foi encontrado no Bairro de Santo António, para onde “foi enviada uma voluntária da associação para dar ajuda”, indicou. O alerta foi dado às 9h30, quando os habitantes locais se encaminhavam para as suas rotinas diárias.

Os restantes oito cães foram encontrados mais tarde na Quinta do Mocho, por volta das 16h00, também pela população.

A responsável recordou que “há duas semanas foram encontrados cães mortos por envenenamento no concelho, mas não se sabe a que se deveu”. Acrescenta que estes “não são cães agressivos, estão esterilizados e habituados a viver na rua”. 

“Neste caso, em que não se registou nenhum óbito, achamos que os cães foram drogados para algum propósito, mas que não correu como era previsto e então foram ‘largados'”, acrescentou.

Os animais receberam cuidados veterinários na associação mas, tendo em conta a situação “muito frágil" e de lotação máxima em que o Chão dos Bichos se encontra, teve de os devolver “ao seu habitat natural”, não podendo abrigá-los.

A situação foi reportada pela associação ao Departamento de Protecção da Defesa Animal da PSP de Lisboa mas “não houve investigação porque, segundo eles, não existiam evidências suficientes para isso”, salientou Ana.

No entanto, fonte da PSP de Lisboa alertou ao PÚBLICO que “há a possibilidade de estes animais estarem ou terem sido usados para a prática de lutas caninas”.

A câmara, que possui uma veterinária municipal, apenas explicou que se “deveria levar um cão para exames e testes na Universidade Lusófona mas nessa altura os cães já estavam acordados”, acrescentando que esta situação “foi resultado de uma acção ilegal de abandono e que, por configurar um crime punível, será reportada às autoridades”.

O município, que também foi advertido pela associação, alegou que nada podia fazer porque “o canil municipal encontra-se sobrelotado”, indicou o coordenador do Canil Municipal de Loures, José Gonçalves.

Segundo o município, o Centro de Recolha Oficial (CRO) está de facto lotado mas estão já “em fase de conclusão os procedimentos para a empreitada de alargamento das actuais instalações no que respeita ao alojamento de canídeos, que permitirá um aumento da capacidade actual em 50%, mas também a criação da valência de gatil, até hoje inexistente”.

Além destes investimentos, com implementação no primeiro semestre deste ano, está contemplado no Orçamento para 2019 a verba necessária para o desenvolvimento de um novo CRO no município de Loures.

O dirigente nacional do Bloco de Esquerda e candidato à Câmara Municipal de Loures nas últimas eleições autárquicas, Fabian Figueiredo, já pediu esclarecimentos à câmara, afirmando ser “lamentável a incapacidade política com que os assuntos relacionados com os animais são tratados no concelho de Loures”.

“Há animais a serem assassinados no concelho, o executivo autárquico tem adiado sucessivamente a construção do novo CRO e falhou em encontrar uma solução para a associação Chão dos Bichos” nesta situação, indicou Fabian Figueiredo.

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