Filipa e Pedro têm Alma de Alecrim e querem partilhá-la com o mundo

A paixão pela fotografia uniu-os. Mas depressa descobriram mais em comum. Assim nasceu um blogue e uma loja em Aveiro. Ambos espelham um estilo de vida assente numa trilogia sagrada para Filipa Gomes de Sousa e Pedro Cerqueira: viagens, fotografia e boa comida.

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A história de Filipa Gomes de Sousa e de Pedro Cerqueira podia dar um livro. Conheceram-se em Aveiro, numa tertúlia sobre fotografia, no Trilhos da Terra. Tinham vindo os dois do Porto, cada um no seu carro, acabadinhos de sair de convívios familiares. Estava uma noite fria e chuvosa, mas a vontade de ir ao evento dedicado à Noruega era grande. “Conjunturas cósmicas, sei lá”, repara Filipa, a propósito dessa noite em que se cruzaram e começaram a falar. Casaram-se um ano depois, no Alentejo, e, apesar de ainda não ter dado um livro, a história deles já deu azo a um blogue, o Alma de Alecrim. Um projecto a dois que reflecte, acima de tudo, aquilo que é o estilo de vida de Filipa e Pedro: viajar, fotografar, degustar (e preparar) uma boa refeição.

“Os conteúdos que fomos fazendo para o blogue foram sempre as nossas próprias experiências e viagens, sem essa preocupação de estar a produzir conteúdos para agradar aos seguidores”, contam. Entre essas experiências está a parte gastronómica, a perdição de Pedro. Fotógrafo e designer de profissão, adora fotografar comida. E também gosta de cozinhar. “Às vezes, o Pedro diz que gostava de fotografar um prato com determinadas características e a receita acaba por ser feita à imagem do que ele pretende fotografar”, revela Filipa. Levam a coisa tão a sério que já criaram dois pratos próprios para as fotos, imunes a brilhos para não estragar o retrato.

A experiência com o blogue acabou por dar outros frutos, muito por força, também, da paixão que Pedro tem pelos objectos de design. Começaram por criar uma loja online e não tardaram a apostar num espaço físico. Tem o mesmo nome do blogue, claro, porque o projecto continua a espelhar aquilo que é a filosofia de vida de ambos. No fundo, a sua alma. “De alecrim porque é uma erva energizante e temos esta energia de fazer acontecer”, explica Filipa, de 40 anos, a quem cabe a tarefa de escolher as palavras certas para acompanhar as fotografias de Pedro. E com todo o gosto, uma vez que adora escrever.

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Licenciada em Bioquímica, deixou o emprego na indústria do bacalhau, área na qual trabalhou durante vários anos, para abraçar a Alma de Alecrim a tempo inteiro. Pedro, 49 anos, trabalha num estúdio de fotografia e trocou a cidade do Porto – e a sua participação num negócio de impressão - por Aveiro. Ainda que o Porto continue a ser uma casa para ambos. “Eu vivi lá e ainda tenho lá a minha mãe; o Pedro também tem lá a família. Na verdade está aqui tão perto”, nota a Filipa. “Gosto desta qualidade de vida de Aveiro, saímos daqui do centro e em cinco minutos estamos na praia”, acrescenta Pedro.

Mais do que uma loja, um local de experiências

Mais do que uma loja, a Alma de Alecrim – situada junto ao Teatro Aveirense, no centro de Aveiro – pretende ser um espaço de experiências. E também um ponto de encontro de amigos. “Há pessoas que vêm cá só dizer bom dia. Hoje, deixaram-me aqui um postal a desejar um feliz Dia da Mulher”, testemunha Filipa. Para quem aparece com vontade (ou necessidade), as propostas vão desde os artigos de design aos produtos sustentáveis e amigos do ambiente. Escovas de dentes de bambu, sacos de compras e garrafas reutilizáveis, película de cera de abelha (para substituir o plástico aderente), champô sólido, entre outros. “As pessoas parecem estar cada vez mais conscientes e vêm à procura destes produtos que evitam que se produza tanto lixo de plástico”, adianta Filipa. 

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Por norma, experimentam cada produto antes de o porem à venda. “Só vendemos coisas que temos, ou teríamos na nossa casa”, asseguram. Foi o que aconteceu com o gel de banho cujo aroma os encantou quando estavam de passagem pelo Alentejo – já deu para perceber que a vida deles é feita de paixões e de coincidências. “Adorámos o cheiro e quisemos saber quem era o produtor; e lá fomos até Cabeço de Vide conhecer a senhora que produz os produtos da Água Mole”, exemplificam.

Na Alma de Alecrim também se procura minimizar o consumismo de “coisas”, razão pela qual procuram apostar nas experiências, nomeadamente, na dinamização de workshops criativos ou de utilidade na vida prática. Também existe por ali um móvel de bookcrossing, uma iniciativa que permite a troca gratuita de livros e que é mais um bom exemplo de reutilização.

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No meio de tudo isto, como fica o blogue? “Não temos tanto tempo para produzir conteúdos, é um facto, mas não vamos desistir dele porque é ele que dá a origem a tudo isto”, confessam. É lá que vão continuar a partilhar as suas estórias, receitas e, claro está, muitas fotografias. Foi por causa delas que eles se conheceram e continuam a ser uma das grandes paixões em comum – razão pela qual escolhem a máquina fotográfica como um dos seus objectos de eleição.

Também querem continuar a trilhar caminhos, a descobrir paisagens por esse país e mundo fora. Sem esquecer a mochila, porque “é preciso ser prático”, nota Filipa, confessando que, depois de conhecer o Pedro, começou a adoptar um estilo mais descontraído e desportivo. “Antes, raramente andava de sapatilhas”, revela.

A loja DR/Alma de Alecrim
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